quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

As Famílias Condais Portuguesas


Adoptámos alguns patronímicos sob uma forma mais aproximada do latim, afim de se estabelecer melhor a ligação com o respectivo nome: assim Vimaranes por Vimares, Froilaz por Forjaz, Árias por Aires. Nos outros nomes e patronímicos usámos a forma mais corrente.

Siglas:
CR —Corporações religiosas

DC — Portugaliae monumento histórica. Diplomata et chartae.

DP — Documentos medievais portugueses. Documentos particulares.

LF — Líber fidei sanctae Bracarensis ecdesiae (cd. A. dc J. da COSTA, Braga 1965, i vol. publicado).

RPH — Revista portuguesa de história (Coimbra)

SS — Portugaliae monumento histórica. Scriptores.

TT — Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Abreviaturas:
a. —antes de

c. — cerca de

v. — villa

—- falecimento

[ ] — data: crítica de um documento, ou parentesco que não consta expressamente da fonte mencionada

« » — alcunha.

Convenções adoptadas nos esquemas: — parentesco provável

... parentesco hipotético.

Obras citadas abreviadamente: M. R. GARCIA ALVAREZ, Catálogo de documentos reales de la alta edad media referentes a Galicia, in Compostellanum 9 (1964) c seguintes.

E. SAEZ, Los ascendientes de San Rosendo. Nolas para el estúdio de Ia monarquia astur-leonesa durante los siglos IX y X, in Hispania n. 30 (citamos a separata).

ID.» Notas al episcopologio minduniense del siglo X, iü Hispania 6 (1946) 3~79-

ID., Ramiro //, rey de Portugal de 926 a 930, in RPH 3 (1947) 271-290.


I. OS DESCENDENTES DE VIMARA PERES


A. VIMARA PERES, (868+ 873) conde.
Conde e presor do Porto em 868 . Determina os limites de Braga no repovoamento de Afonso III . Faleceu em 873 .

Filhos: Lucidio Vimaranes. Este parentesco não consta expressamente de nenhuma fonte, mas é reconhecido por todos os historiadores. Com efeito o patronímico, a raridade do nome Vímara, o título e a sua acção como presor são elementos suficientes para o admitir.

[1] Chronicon Laurbanense (ed. SS 20).

[2] LF 16. Sobre a data deste documento, ver a ed. crítica de A. de J .da costa, notas ao mesmo LF 16; e S. da Silva PINTO, Breves notas sobre presúrias do século IX na Terra Portucalense (Porto 1968) ll -15.

[3] Chronicon Laurbanense (ed. SS 20).


B. LUCIDIO VIMARANES, (870-922?) conde.
Foi o presor da v. Negrelos . Confirmou o diploma de restauração de Lugo em 910 . É citado como previsor dos termos de Dume em 911 (DC 17). Deu ao bispo Gomado a igreja de Fremoseli em 915 (DC 20). Aparece na companhia de Ordonho II no diploma de autenticidade duvidosa acerca do ermitério de Crestuma, datado de 922 . Governou, com Munio Guterres os territórios de Picosagro e Ambas Mahias, que em 927 foram concedidos por Sancho Ordonhes a Santiago de Compostela .

Mulher: Gudilona (915): DC 20.

Filhos: 1. Tedon Lucides, segundo E. Sáez . Não aparece em documentos portugueses. Mas segundo o mesmo autor, foi pai de Rodrigo Tedones , que parece ter casado com Ledegúndia Dias (928 + a. 960) , cuja ascendência indicamos em IV A. 2. Rodrigo Tedones (928-933) confirma ou é testemunha nos documentos DC 34, 37 e 107 .

Teve pelos menos três filhos: Châmoa, devota (960), Ramiro (960) e Diogo Rodrigues (960), segundo o DC 81, pelo qual a primeira dá a Guimarães numerosos bens em todo o Portugal. A estes filhos deve-se talvez ascrescentar o conde Guterre Rodrigues (957-1014), apesar de E. Sáez o considerar como filho provável de Rodrigo Guterres, irmão do «Conde Santo» Osório Guterres. Com efeito, de LF 22 depreende-se que Guterre Rodrigues herdara, com Onega Lucides os servos que tinham pertencido ao Conde Vímara Peres. Este facto explica-se melhor segundo a nossa hipótese. O conde Guterre Rodrigues confirma uma doação do rei Ramiro a Guimarães em 957 e assiste a um julgamento de condessa D. Toda em 1014 (DC 71, 225). Refere-se-lhe também o LF 22, que já citámos.

Tedon Lucides podia também ter sido pai de Olide Tedones (948), como sugere o patronímico e o facto de possuir muitos bens no território de Gironzo, que ofereceu como arras a sua mulher Ausenda Gormiri em 946 (DC 5 6). Se se provar que os bens oferecidos por Châmoa Rodrigues, (na nossa hipótese sua sobrinha) a Guimarães lhe vem de seu [pai] Rodrigo Tedones, a nossa hipótese teria mais solidês. Também não é impossível que fosse filho de Tedon Lucides um Paio Tedones (929-951 + a.953), que E. Sáez diz aparecer na documentação ao seu dispor entre 929 e 951 e que sabemos já ter morrido em 953, por nesta data sua filha Châmoa Pais (953-968) dispor de bens herdados dele em Vila do Conde e v. Quintanella (DC 67). Além disso Châmoa Pais aparece também a confirmar o contrato sobre o castelo de Guimarães em 968 (DC 97). E Sáez (l. c.) aponta-lhe como irmã a Velasquida Pais (968) que confirma ao seu lado o mesmo documento (DC 97).

2. Bermudo Lucides (911-926), segundo o parentesco proposto por E. Sáez . É um dos previsores dos termos de Dume em 911, e confirma uma doação de Ramiro II a Guimarães em 926 (DC 31).

3. Alvito Lucides segundo o mesmo autor, ibidem. SEGUE.

[4] DC 5. Sobre a data deste documento, ver T. de Sousa SOARES, O repovoamento do norte de Portugal no século IX, in Biblos 18 (1942- 201.

[5] E. SAEZ, Los ascendientes 53.

[6] DC 25. M. de OLIVEIRA, in Lusitania Sacra l (l955) 45-50, considera-o simplesmente falso; T. de Sousa SOARES, Reflexões sobre a origem e a formação de Portugal I (Coimbra 1962) 152-153 mostra que tem um fundo autêntico; C; SANCHEZ ALBORNOZ, Despoblación y repoblación del valle del Duero (Buenos Aires 1966) 241 (100), julga-o interpolado.

[7] M. R. GARCIA ALVAREZ, Catalogo 226.

[8] E. SAEZ, Ramiro II 285.

[9] E. SAEZ, Ramiro II 285.

[10] Este casamento é sugerido por Fr. Manuel da ROCHA, Portugal renascido (Lisboa 1730), 92, sem dar provas; admitido também por E. SAEZ, Los ascendientes 66 (141) e por L. Gonzaga de AZEVEDO, História de Portugal II 101 (l).

[11] O DC 107 é falso ou interpolado, segundo E. SAEZ, Los ascendientes 65 (140).

[12] Notas al episcopologio minduniense, Esquema 4.

[13] Notas al episcopologio minduniense. Esquema 2. (14)

[14] Ramiro II 285, 286.


C. ALVITO LUCIDES (915-973?)
Não se conhecem deste personagem senão referencias em listas de confirmantes ou testemunhas, algumas delas em documentos dados por parentes seus: a doação de seu [pai] Lucidio Vimaranes ao bispo Gomado em 915 (DC 20), a de sua [sogra], a condessa Onega a Lorvão em 928 (DC 34), a do [sobrinho de sua mulher], o conde Gonçalo Mendes a Guimarães em 968 (DC 99), e a de sua [mulher] Munia a Lorvão em 973 (?) . Além disso confirma também uma doação de Inderquina «Pala» (ver III B 2 e III D 2) ao mesmo mosteiro em 957 (DC 73), e outra de Donnani, ainda a Lorvão, em 924 (DC 28). Os restantes documentos portugueses em que confirma, são dois diplomas de Ramiro II, de 926 e 950 .

Mulher: Munia, segundo DC 139, 145, que todavia não dão o patronímico do marido. Este é sugerido por Fr. Manuel da Rocha e M. R. Garcia Alvarez . Com efeito, os descendentes deste casal têm nomes que antes já apareciam na família de Lucídio Vimaranes: Lucídio e Onega (DC 145). Esta Munia deve-se identificar com Munia Dias, (928-975?) irmã de Mumadona Dias f DC 34), conforme sugerem E. Sáez e M. R. Garcia Alvarez . Ver a sua família em IV A 1. Esta senhora deu avultados bens a Lorvão entre 950 e 956 e talvez em 973 . Deixou aos seus descendentes outros bens na mesma região (DC 139, 145).

Filhos: 1. Tegla Alvites (984), segundo DC 139 . Neste documento Tegla dá ao mosteiro de Lorvão um terço da v. de Gondelim.

2. Lucídio Alvites (926-968), porque Onega Lucides, sua filha, é neta de Alvito e de Munia (DC 145). Efectivamente aparece um Lucídio Alvites a confirmar vários documentos junto de seu [pai], Alvito Lucides, em 926, [950] c 968 .

Este Lucídio Alvites foi casado com Ximena segundo um documento publicado por P. Merêa .

Teve pelo menos uma fillia, Onega Lucides, (978-1006 ou 1025) conforme se vê no mesmo documento publicado por P. Merca e em DC 145. Foi casada com o conde Rodrigo Vasques (já depois de este ter enviuvado) e aparece em 985 a fazer uma doação a Lorvão, com Rodrigo Erotes (DC 145), em 978 e 999 a Celanova, e no ano 1006 a receber o usufruto de certos bens do mesmo mosteiro . Refere-se-lhe ainda o LF 22 (p. 46) e talvez mesmo o DC 259 de 1025, se se identificar com a condessa Onega (sem patronímico), que «consente» nesta doação de Afonso V ao mosteiro de Guimarães.

[15] DC 107, falso ou interpolado, segundo E. SAEZ, Los ascendientes 65 (140).

[16] DC 31, 36. Este último documento é datado de 18 de Dezembro (?) de 950 por A. de J. COSTA, O bispo D. Pedro I 420 c Aditamentos 7-8.

[17] Fr. Manuel da ROCHA, Portugal renascido (Lisboa 1730) 81-82; M. R. GARCIA ALVAREZ, La batalla de Aguioncha, in Brocara Augusta 20 (1966), esquema unto da p. 342.

[18] E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 28; M. R. GARCIA ALVAREZ, Sisnando Menéndez, in Compostellanum 13 (1968) 211.

[19] DC 100. Sobre a data deste documento, ver E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 28 (l 14).

[20] DC 107, falso ou interpolado, segundo E. SAEZ, Los ascendientes 65 (140).

[21] DC 22, falso, segundo R. de AZEVEDO, O mosteiro de Lorvão, in Arquivo Histórico de Portugal 2 (1933) 190 e P. DAVID, Etudes historiques 248.

[22] DC 31. 36, 99.

[23] Estudos de direito hispânico medieval II (Coimbra 1953) 150.

[24] M. R. GARCIA ALVAREZ, El obispo compostellano Pelayo Rodrigues, in Compostellanum 11 (1966) 525-526.


Pode ter sido também filho de Lucídio Alvites o Conde Mendo Luz, que se apoderou de Montemor pouco antes de 1019 (DC 242). O patronímico, a época em que viveu, o título de conde e os seus interesses ao sul do Douro, são outros tantos indícios que militam em favor deste parentesco. Vejamos os documentos em que figura: uma confirmação de um diploma do Munio Gonçalves em 985 (DC 147) e outro de Afonso V em 1014 (DC 223). Além do documento que já indicámos acerca do seu domínio em Montemor, podem-se apontar outros dois que mostram a sua jurisdição a estender-se ao vale do Vouga e à terra de Santa Maria (DC 296, 378). Este conde é talvez o mesmo que o Annales Portucalenses veteres indicam (sem patronímico) ter sido assassinado em 1034 nas margens do rio Guetania, apesar de a maioria dos autores suporem que se trata do conde Mendo Nunes e de corrigirem a data para mais tarde . Não se conhece ao certo a descendência de Mendo Luz. Mas talvez seja seu filho o Vimara Mendes que morreu antes de 1055 e era patrono do mosteiro de S. Mamede de Este (LF 189). Assim o faz supôr o seu nome, e o facto de o mesmo Vímara ter um filho chamado Alvito, nome que se repete nesta família, e que confirma uma doação da condessa Toda Veilaz em 1055 (TT Rio Tinto II). Neste mesmo documento há referencias a dois filhos de Vímara Mendes, Alvito e Quindiverga. Esta última teve uma nora, Patrina, com dois filhos, Odorio e Ermesenda, que ainda possuíam o mesmo mosteiro em 1055.

3. Nuno Alvites (959), filiação provável, baseada no facto de Alvito Nunes, que é provavelmente seu filho, como veremos, desempenhar cargo tão eminente como o governo do condado portucalense, em conjunto com Ilduara Mendes. Com efeito o conde Alvito Nunes deve, por isso mesmo, pertencer a uma família importante, e a de Alvito Nunes é a que reúne maiores probabilidades. A existência de um Nuno Alvites, que confirma o documento da dotação de mosteiro de Guimarães em 959 (DC 76), logo a seguir aos filhos de Mumadona e pouco antes de Telo Alvites, seu [irmão], dá suficiente verosimilhança a esta hipótese. SEGUE.

4. Telo Alvites (959-985), conde. Filiação igualmente provável, e apoiada no facto de Telo confirmar a dotação de Guimarães em 959 ao lado do seu [irmão] Nuno (DC 76) e a doação de sua [sobrinha] Onega Lucides a Lorvão em 985 (DC 145). Sendo assim, podemos acrescentar a estes documentos aqueles em que confirma doações de Gonçalo Mendes em 968 (DC 99) e de Gonçalo Moniz em 981 (DC 130). E ainda a larga doação que fez em 985 ao mosteiro de Antealtares, com sua mulher Mumadona, de bens situados em Riba-Lima , usando o título de conde. Há referências a ele num diploma de 1136 (LF 825). Ignoramos se se pode identificar com o Telo Aldianiz que assistiu ao julgamento de Eirigo Gonçalves pelo conde Mendo Gonçalves, provavelmente entre 1002 e 1008 . Pode ter sido seu filho o Osório Teles que aparece em vários documentos de Guimarães entre 1043 e 1073 , apesar de estas datas serem um tanto tardias para que tal hipótese se deva considerar provável.

5. Elvira Alvites (946-969), casada com Rodrigo Mendes (946-968), segundo as deduções feitas por M. R. Garcia Alvarez .

D. NUNO ALVITES (959).
Deste personagem aparece apenas, em documentos portugueses, um vestígio histórico, a sua confirmação do documento de dotação do mosteiro de Guimarães em 959 (DC 76). Ignora-se com quem casou. Segundo a hipótese formulada mais acima (I C 3), foi seu filho o conde Alvito Nunes, que SEGUE.

[25] Ver o que dizemos mais abaixo, no texto referente a Mendo Nunes, I G.

[26] Documento publicado pelo Marquês de SAMPAYO, in O archeologo portuguez 27 (1930) 151; cf. M. R. GARCIA ALVAREZ, Catálogo 376.

[27] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 197 r.

[28] DC 330, 332, 340, 386, 407, 426, 431 i LF 184, 260.

[29] Sisnando .Menéndez, mayordomo real y obispo de Santiago, in Compostellanum 13 (1968) 211.

[30] Marquês de SAMPAYO, in O archeologo portuguez 27 (1930) 151.


E. ALVITO NUNES (985-1015 ou 1016), conde.
Aparece a confirmar a doação de seu [tio] Telo Alvites ao mosteiro de Antealtares em 985 . Foi o sucessor do conde Mendo Gonçalves no governo do Condado Portucalense, segundo a lista fornecida pelo LF 22, de 1025. A acreditar nos Annales Portucalenses veteres, estava no castelo de Vermoim, quando os Normandos atacaram a região. Embora os Annales datem este acontecimento de Era 1054, é possível que ele se tivesse dado no ano anterior, segundo a comparação que R. de Azevedo faz desta notícia com um documento inédito do mosteiro de Moreira .

Mulher: Talvez a condessa Goncinha, ou Gontinha que em 994 obteve do abade Alvito a cessão da igreja de S. Maninho de Vila Nova (DC 168) e que antes de 1011 confirmou a agnicio de um contrato feito em Macieira da Maia (DC 216) com o nome de Domna Guntina. Com efeito esta Goncinha ou Gontinha deve ser a mãe de D. Loba Alvites, que em 1015-1016 vivia em Argentini suficientemente protegida dos Normandos para escapar aos seus assaltos e ajudar um homem de condição inferior a resgatar as filhas por eles raptadas . Era, portanto, casada com um Alvito.

Filhos:
1. Nuno Alvites (1017+ 1028), porque sucedeu a Alvito Nunes no condado Portucalense (LF 22). SEGUE.

2. Pedro Alvites, abade (1025-1070). Com efeito, Nuno tem um irmão chamado Pedro porque «consente» na doação que lhe faz o rei Afonso V em 1025 (DC 259). Da comparação deste documento com o DC 407, depreende-se que se trata do abade Pedro, do mosteiro de Guimarães. Temos, portanto, muito documentação sobre ele, do mesmo mosteiro, entre 1042 e 1070. Acompanhou o rei Fernando Magno na conquista de Coimbra . É também mencionado em LF 91 e 184.

3. Loba Alvites (1015-1016), se se admitir a hipótese apresentada acima, acerca da possível mulher do conde Alvito Nunes. Ver os documentos aí citados.

F. NUNO ALVITES (1017+ 1028), conde.
A data 1017, em que aparece pela primeira vez, ó fornecida por E. Sáez . «Consente» na doação de Afonso V a seu irmão Pedro Alvites em 1025 (DC 259) c confirma o LF 22, no mesmo ano. Neste último documento diz-se que sucedeu ao conde Alvito Nunes. Os Annales Portucalenses veteres, que também lhe dão o título de conde, dizem que morreu em 1028, no mesmo ano que o rei Afonso V ,

Mulher: Condessa Ilduara Mendes (1025-1058), segundo se declara em LF 122, 176, 206 e 248. Era filha do conde Mendo Gonçalves (ver IV D 7). Governou o Condado Portucalense pelo menos depois da morte do marido (DC 311, 316). Aparece a outorgar bastantes documentos e confirma outros . Da série de actos conservados no Liber Fidei verifica-se que comprou muitas propriedades em Nogueira (conc. Braga), Gualtar, Tenôes, São Mamede de Este, etc.

[31] Na sua comunicação ao Congresso de Vímara Peres, Porto, 18-23 de Junho de 1968.

[32] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 200r.

[33] Summa chronicarum (ed. P. DAVID, Etudes historiques 311).

[34] Notas al episcopado minduniense. Esquema 2.

[35] Annales Portucalenses veteres (ed. P. DAVID, Etudes historiques 295).

[36] DC 311, 316, 330, 400, 407, 420 (p. 248); LF 122, 173, 176 a 201, 233.

[37] DC 152, 372; LF 235.

[381] LF 173 = DP III 128; cf. LF 201, 202.


Filhos:
1. Mendo Nunes (1028-1050), segundo DC 311, 316, 330, etc. SEGUE.

Gontrode Nunes (1028-1088), condessa, segundo LF 122, 173, 201. Foi casada com o conde Vasco (LF 122). Teve propriedades em Quintela (Vila Real), que deu à Sé de Braga em 1088 (LF 122); em Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e Barros, que deu a Eita Gondesendes em 1072 ou pouco depois ; e em Barbudo, que ofereceu ao mosteiro do mesmo nome em 1068 (LF 248). Em data que se ignora tinha cedido um escravo a Froila Crescones (LF 616). Pode-se identificar, segundo a hipótese apresentada por A. de J. da Costa, com a devota Gontrode, que confirma uma doação de Mendo Nunes ao mosteiro de Barbudo em 1071 . Não conseguimos encontrar vestígios da sua descendência. É possível até que a não tivesse, dada a generosidade com que distribuiu os seus bens.

Munio Nunes, segundo LF 497. Neste documento declara-se que Munio Nunes, filho do conde Nuno Alvites, tinha uma quinta em Domez (na Galiza?) e que a vendeu aos proprietários da mesma antes de 1131. Nada mais se sabe sobre ele.

G. MENDO NUNES (1028-1050), conde.
Governou o Condado Portucalense, provavelmente desde a sua menoridade, sob tutela de sua mãe (DC 311, 316). Já figura sòsinho no desempenho das suas funções em 1043 e 1048 (DC 330, 366). É citado nos sincronismos de um documento da Vacariça, a seguir ao rei Fernando Magno em 1041 (DC 317). Refere-se-lhe ainda, provavelmente, um diploma de 1050, do mosteiro de Celanova , mas morreu antes de 1053 (DC 384). A maioria dos autores supõe que lhe diz respeito a notícia dos Annales Portucalenses veteres acerca do assassinato do «comes Menendus in ripa Guetania» propondo para isso a correcção da data . Todavia, para supôr que a data desta notícia está errada seria também preciso deslocá-la do lugar onde figura actualmente. Se se suposer que a notícia se refere ao conde Mendo Luz, desaparecem as dificuldades . Não se sabe com quem casou.

Filhos: Nuno Mendes, como se depreende do patronímico, e de ser sobrinho da condessa Gontrode Nunes (LF 201, 202). SEGUE.

H. NUNO MENDES (1059 + 1071), conde.
Aparece pela primeira vez na corte de Fernando Magno em Palencia, no ano 1059, se se identifiar com a pessoa do mesmo nome que assiste, sem título, ao julgamento solicitado pelos monges de Soalhães (DC 421). Já figura com o título de conde a confirmar uma doação do rei Garcia em 1070 (DC 491) c como proprietário dos bens que concedeu no ano seguinte ao mosteiro de Barbudo (LF 253), poucos dias antes de ser vencido e morto na batalha de Pedroso, quando se revoltou contra o mesmo rei .

Por documentos posteriores sabe-se que possuía bens em Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e Barros (Braga), que provavelmente lhe foram confiscados por ocasião da sua derrota, e dados depois por Afonso VI a seu genro, o alvasil Sisnando Davides .

Mulher: Goncinha (1071), citada no LF 253.

Filhos: Loba Nunes «Aurovelido» (1074), segundo o LF 202 SEGUE.

I. LOBA NUNES «aurovelido» (1074).
O nome desta senhora conhece-se apenas através de dois documentos já citados (LF 173, 202), um dos quais lhe chama Aurovelido Nunes, e outro Loba Nunes. Aurovelido deve ser, portanto, um sobrenome.

Marido: Sisnando Davides (1064 + 1092), alvasil, conforme se declara nos dois documentos já citados.

Fillios: Elvira Sisnandes (1087 e seguintes), segundo DC 677, 770. Casou com Martim Moniz (1092-1111), filho de Monio Fromariques .

[39] LF 253 e respectivas notas, na ed. crítica de A. de J. da COSTA.

[40] Citado por P. MEREA, História e Direito I (Coimbra 1967) 193, 41).

[41] Annales Portucalenses veteres (ed. P. DAVID, Etudes historiques 295).

[42] Este é também a opinião de H. Barrilaro RUAS, amavelmente comunicada em conversa pessoal.

[43] Annales Portucalense veteres (ed. P. DAVID, Etudes historiques 298). Sobre as datas exactas destes acontecimentos, ver A. de J. da COSTA, ed. critica do Liber Fidei, notas ao doc. 253).

[44] FL 173 = DP III 128; cf. LF 201, 202.


II. DESCENDENTES DE HERMENEGILDO GUTERRES

A. HERMENEGILDO GUTERRES (869-911), conde.

Conhecido magnate que se apoderou de Coimbra em 878 . A sua personalidade está perfeitamente bem conhecida depois do material que sobre ele reuniu E. Sáez . Segundo o mesmo autor foi casado com Ermesenda Gatones e teve os seguintes filhos:

Aldonça Mendes (936-942), casada com Guterre Osores e que não aparece em documentos portugueses.

Árias Mendes (911-924), conde, sem dúvida o que regeu o condado de «Eminio» segundo as actas apócrifas do concílio de Oviedo, que todavia parecem conservar, neste ponto, uma tradição autêntica . Governou também o conmísso de Refojos do Leça, com seu irmão Guterre . Encontrava-se ainda vivo em 924 . Além das referências reunidas por E. Sáez , pode-se talvez acrescentar o DC 420 (p. 261), que aponta, entre as propriedades do mosteiro de Guimarães, uma em Canas (Penafiel) que pertencera antes ao conde Arias Mendes e a sua mulher Emderia, decerto uma deturpação de Ermesenda. Ainda segundo E. Sáez, casou com Ermesenda, que talvez se possa identificar com Ermesenda Gondesendes filha de Gondescendo Eriz segundo a hipótese que apresentamos em III B 2. Teve pelo menos uma filha, Elvira Arias (962), mulher de Munio Guterres (911-959), seu primo direito. Ver a descendência de ambos mais abaixo em II C. Mas se Ermesenda Gondesendes foi sua mulher, talvez, se possa atribuir-lhe uma segunda filha, Inderquina «Pala» (957-981). Ver III B 2.

Guterre Mendes (912 + a. 934), que SEGUE.

Elvira Mendes (914-920), casada com o rei Ordonho II (914-924).

Inderquina Mendes «Pala» (+ a.947), casada com Gondescendo Eriz (DC 12). Ver a sua descendência em III B.

B. GUTERRE MENDES (912+ a.934), conde.

De entre as indicações que sobre este personagem dá E. Sáez destaca-se a de ter governado seis conmissa, na Galiza, por concessão de Afonso IV. Aparece no nosso território a confirmar uma doação de Ordonho II ao mosteiro de Lorvão .

Mulher: Ilduara Eriz (916-958), filha de Ero Fernandes . Fez várias doações ao mosteiro de Celanova . No nosso território figura, só com o nome de Ilduara, no DC 45, de 937, que é uma doação sua a Gondemiro iben Dauti, para ele deixar, depois de sua morte ao mosteiro de Lorvão.

[45] Sobre a família e descendência de Martim Moniz, ver J. MATTOSO, A nobreza rural portuense (a publicar no Anuário de estúdios medievales) V B 3.

[46] Chronicon Laurbanense (ed. SS 20).

[47] Los ascendientes 12-25.

[48] Notas al episcopologio minduniense, Esquemas 4 e 5.

[49] Paulo MEREA, História e Direito I (Coimbra 1967) 186.

[50] E. SAEZ, Los ascendientes 34.

[51] E. SAEZ, Los ascendientes 38.

[52] Los ascendientes 34-39.

[53] Notas al episcopologio minduniense 9, 21; Ramiro II 288.

[541] DC 2. Sobre a data deste documento, ver: R. de AZEVEDO, O mosteiro de Lorvão, in Arquivo histórico de Portugal 2 (1933) 189, 199.

[55] E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense, Esquema 3.

[56] E. SAEZ, ibid. 13, 23.


Filhos : 1. Munio Guterres (911-959), que SEGUE.

São Rosendo (916+ 977), o fundador de Celanova.

Froila Guterres (933-943), que aparece em Portugal para confirmar uma venda de Zahadon a Gondemiro em 933 (DC 39), uma doação de sua [mãe] Ilduara ao mesmo em 937 (DC 45), e outra do rei Ramiro II a Lorvão em 943 (DC 50). Em 942 este mesmo rei tinha-lhe concedido vários conmissa, governados antes por seu tio Arias Mendes, para os administrar sub manus de sua mãe, a condessa Ilduara . Recebeu em herança de seus pais vários bens no território de Coimbra .

Mulher: Sarracina (936-942), que aparece num documento de 936 . Num documento de 994 afirma-se que teve bens em Gondomar (DC 170).

Filhos:
a) Tutadomna ou Mumadona Froilaz (981), segundo E. Sáez , casada com o conde Gonçalo Moniz (928-981), que era talvez seu primo direito, segundo a hipótese que explicamos mais abaixo em II C 6.

b) Do facto de Tutadomna (1108-1022), casada com o conde Mendo Gonçalves, ser prima (congermana) de Froila Gonçalves (DC 234), filho de Gonçalo Moniz e Tutadomna ou Mumadona Froilaz, depreende-se que Froila Guterres teve provavelmente outro filho ou outra filha, pai ou mãe de Tutadomna. Assim o supõe E. Sáez . Todavia não é impossível que Tutadomna fosse prima de Froila Gonçalves pelo lado do pai deste, e não pelo de sua mãe. Nesse caso não haveria base para supôr que Froila Guterres teve mais filhos. Ver os documentos referentes a Tutadomna em IV D.

Ausenda Guterres (934-964), que recebeu em doação do rei Ordonho II as v. de Moreira e Cascanheira, e depois as cedeu por troca ao conde Gonçalo Mendes, recebendo as v. de Kagiti e Mindelo em 964 (DC 88). É também citada como cognata do mesmo conde num documento de 983 (DC 138).

Casou em primeiras núpcias com Ximeno Dias (923-961), filho de Diogo Fernandes, de quem teve vários filhos (ver IV A I), indicados por E. Sáez . E em segundas núpcias com Ramiro Mendes, conforme se pode ver no DC 88, de 964, estando já viúva do segundo marido nesse mesmo ano . Ramiro Mendes era filho do conde Hermenegildo Gonçalves e de Mumadona Dias (ver IV B 3).

5. Ermesenda Guterres (929-934), que casou com o conde Paio Gonçalves (936-959) filho de Gonçalo Berotes (915-929) e de Teresa Eriz (929) (ver III A), e irmão do conde Hermenegildo Gonçalves (926-943) (ver IV A), conforme estabeleceu E. Sáez . Paio Gonçalves figura numa doação de Ramiro II a Guimarães em 950 (DC 36), no testamento de seu irmão Hermenegildo em favor do mesmo mosteiro (DC 76) e noutros documentos não portugueses citados por E. Sáez . Ainda segundo o mesmo autor leve pelo menos oito filhos e filhas, mas só se conhece a descendência de uma, Ilduara Pais (961-964) que casou com seu primo direito, o conde Gonçalo Mendes (ver IV C).

[57] E. SAEZ, ibid. Esquema 5.

[58] M. R. GARCIA ALVAREZ, Catálogo 266.

[59] E. SAEZ, Los ascendientes 17 (22).

[60] M. R. GARCIA ALVAREZ, Catálogo 255.

[61] E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense Esquema 5.

[62] E. SAEZ, ibid. Esquema 5.

[63] E. SAEZ, ibid. Esquema 6.

[64] Cf. M. R. GARCIA ALVAREZ, El obispo compostellano Pelayo Rodrigues, in Compostellanum II (1966) 524.

[65] E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense. Esquemas 2 e 3.

[66] E. SAEZ, ibid. 42-43.

[67] (**) E. SAEZ, ibid. Esquema 2.


C. MUNIO GUTERRES (911-959).

Este magnate tomou parte na delimitação dos termos de Braga (LF 18) e de Dume (LF 17), por Afonso III em 911. Aparece nestes documentos com o nome de Nuno Guterres. Mais tarde, em 935, confirma uma doação de Gaudemiro e de Susana a Lorvão (DC 40). Governou, juntamente com Lucídio Vimaranes o conmisso de Ambas Mahias, que em 927 foi concedido por Sancho Ordonhes à catedral de Santiago. Através da documentação que sobre ele foi recolhida por E. Sáez parece depreender-se, como faz notar o mesmo autor, que apoiou o rei Afonso IV nas suas lutas contra Ramiro II.

Mulher: Elvira Arias (962), sua prima direita, filha do conde Arias Mendes (ver mais acima II A 2).

Filhos:
1. Guterre Moniz (931-999), que em 931 foi nomeado por Afonso IV conde de Burgos, e entre 935 e 974 aparece várias vezes na corte de Ramiro II, Ordonho III e Ramiro III. No nosso território confirma quatro doações a Lorvão em 974, 985 e 988 e outra a Antealtares . A última referência ao seu nome encontra-se no diploma sobre o julgamento da questão entre Lovesendo Aboazar e os senhores de Guimarães em 999 (DC 183). Ver outras referências em documentos leoneses e galegos em E. Sáez . Não se sabe com quem casou, mas teve pelo menos um filho, Nuno Guterres, que aparece na corte de Bermudo III em 1032 .

Arias Moniz (948-973), bispo de Dume entre 948 e 956, pelo menos. Aparece no nosso território para confirmar a doação de Munia [Dias] a Lorvão e a de Inderquina «Pala» ao mesmo mosteiro em 961 (DC 84) .

Gotona Moniz (927-964), que casou com o rei Sancho Ordonhes (927-929).

Ermesenda Moniz (962), que confirma a doação de sua mãe Elvira Arias a Celanova em 962 .

Elvira Moniz (978-986), que é proprietária de metade de v. de Moreira da Maia e a vende em 978 (DC 124), c confirma a venda feita por mancipia seus em Guilhabreu, em 986 (DC 151) .

Gonçalo Moniz (928-981). Filiação hipotética, sugerida por L. G. de Azevedo . Explicar-se-ia assim que tivesse sucedido a seu [avô] Arias Mendes no condado de «Eminio». Com efeito aparece sempre a governar o território de Coimbra. Assim se explicaria também que seu [irmão] Guterre apareça várias vezes no mesmo território . Todavia a hipótese não é isenta de dificuldades, porque não aparece nunca nos documentos em que figuram seu [pai] ou seus [irmãos] Guterre e Elvira, mas apenas em dois, assinados pelo outro [irmão], o bispo Arias (DC 84, 100). Apesar disso admitimos a sugestão de L. G. de Azevedo, porque, além das razões apontadas, não encontrámos, em documentos portugueses, nenhum outro Munio ou Nuno com mais probabilidades de ter sido pai de Gonçalo Moniz. SEGUE.

[68] E. SAEZ, ibid. 20-23

[69] E. SAEZ, ibid. Esquema 5.

[70] DC 114, 147, 148, 154.

[71] Marquês de SAMPAYO, in O archeologo portuguez 27 (1930) 151.

[72] E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 23-25.

[73] E. SAEZ, ibid. 25.

[74] DC 100 A data deste documento está errada. Ver a sua critica em E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 28 (116).

[75] Sobre este bispo, ver a abundante documentação reunida e criticada por E. SAEZ, ibid. 19-33.

[76] E. SAEZ, ibid. 25 e doc. I do Apêndice, p. 75.

[77] Estes documentos são também citados por E. SAEZ, ibid. 25.

[78] História de Portugal II 162 (I).

[1] DC 114, 147, 148, 154.


D. GONÇALO MONIZ (928-981), conde.
Sobre este magnate, que dominou em Coimbra, há numerosos documentos, tanto particulares como régios. Foi grande benfeitor do mosteiro de Lorvão, ao qual ofereceu em 961 as v. de Cerzedo, Padalares e Serpins (DC 83), e em 981 a v. e mosteiro de Treixedo, com muitos outros bens (DC 130). Também fez doações ao mosteiro de Arouca (DC 646). Confirmou muitos documentos de Lorvão e na região de Coimbra entre 928 c 981 , dos quais alguns são diplomas régios: de Ordonho II (DC 2), de Ramiro II (DC 15, 50) e de Sancho I (DC 92). Além dos bens que deu a Lorvão, sabe-se também que possuía propriedades perto de Leça (DC 185). Em tempo do abade Arias de Guimarães, Gonçalo Moniz entrou em luta com o conde Gonçalo Mendes, e chegou a ameaçar o mosteiro, que foi defendido pelo filho de Mumadona . Foi o mesmo Gonçalo Moniz que em 965 envenenou o rei Sancho I o Gordo .

Mulher: Tutadomna ou Mumadona Froilaz (981), que devia ser sua prima direita (no caso de Gonçalo Moniz ser realmente filho de Munio Guterres, como sugerimos em II C 6, para os pais de sua mulher, ver II B 3). O nome de Mumadona (sob a forma Mamodona, por duas vezes) vem indicado em DC 130. O DC 170 chama-lhe Toda domna. E. Sáez prefere o segundo, sem dúvida por Tutadomna, mulher de Mendo Gonçalves ser provavelmente sua sobrinha. Mas o erro de transcrição também pode estar em DC 130. Com efeito o DC 148 fala num Munio Gonçalves, filho de Amunne, que podia ser uma outra forma de Muma. Para esta identificação concorre o facto deste Munio ter o patronímico Gonçalves, usar o mesmo nome que o [avô] e ser irmão de Godinha Gonçalves, mulher do conde Oveco Garcia, que aparece frequentemente na região de Coimbra, como se verá mais abaixo (II D 3). De qualquer modo a ascendência de Muma dona ou Tutadomna Froilaz está perfeitamente estabelecida pelo seu patronímico e por o seu filho Froila Gonçalves se declarar neto de Sarracina no DC 170.

Filhos:
1. Froila Gonçalves (993-1017), segundo DC 170, 196. SEGUE.

Godinha Gonçalves (+ a. 985), na hipótese de sua mãe Amunne (DC 248) se identificar com Mumadona ou Tutadona Froilaz, como propomos mais acima. Sendo assim, sabe-se, pelo mesmo documento, que casou com o conde Oveco Garcia, que aparece na região de Coimbra entre 974 e 988, como benfeitor do mosteiro de Lorvão (DC 114, 148) e a confirmar dois diplomas de seu cunhado Munio Gonçalves f DC 147, 154). Esta identificação foi também apresentada por Dom Justo Pérez de Urbel .

[80] DC 34, 73, 84, 85, 100, 107, 133. Sobre a data de DC 100, ver E. SAEZ, Los ascendientes 107 (154); o DC 107 é falso ou interpolado, segundo o mesmo autor, ibid. 65 (140).

[81] DC 340. Este documento é o único que fala de um abade deste nome em Guimarães. É difícil conciliá-lo cem as outras tentes, em que o mosteiro aparece governado pelo abade Goma e que vão de 953 a 999 (DC 67, 138, 166, 168, 183; deve ser o mesmo que Gontemiro, DC III). Sendo assim, ou Arias governou o mos­teiro nos primeiros anos da sua existência, entre 950 e 953, o que não é muito pro vável, ou se identifica com um dos dois bispos deste nome, Arias Nunes ou Arias Pais, que regerem a sé de Dume respectivamente em 948-956 c 977-984 (E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 19-33, 40-49), o que se poderia talvez explicar dado o carácter monástico do bispo de Dume. A hipótese tem mais probabilidades para o caso de Arias Pais que em 951 aparece em Guimarães como diácono, e reside talvez no mesmo lugar depois de resignar o bispado entre 994 e 1014, pois a maioria dos documentos que o citam, nesta época, pertencem exactamente a Guimarães (DC 168, 183 223). Todavia não se pode atribuir a luta entre Gonçalo Moniz c Gonçalo Mendes à época em que Arias Pais resignou, porque o primeiro só figura nos documentos até 985, e o segundo até 981. Quanto ao bispo Arias Nunes, também aparece no nosso território depois de resignar (entre 956 e 958), mas apenas num documento de Lorvão (DC 84).

[82] Segundo o relato da Crónica de Sampiro, n.° 27 (ed. J. PEREZ DC URBEL p. 338-339, para a data do acontecimento ver ibid. p. 428).

[83] E. SAEZ, Los ascendientes 106.


Munio Gonçalves (985-988), por ser irmão de Godinha (DC 248). Foi benfeitor do mosteiro de Lorvão, ao qual deu em 985 metade da v. de Santa Comba (DC 147), e em 988 uma parte da v. de Castrelo, perto de Mortágua (DC 154).

Além destes filhos, L. G. de Azevedo atribui-lhe também outro, Ero Gonçalves, sem mais provas além da confirmação que o mesmo faz numa doação de Recemundo ao mosteiro da Vacariça em 1016 (DC 227). Com este parentesco o ilustre historiador pretendia ligar o magnate Egas Eriz "Iala" ao conde Gonçalo Moniz. Explicar-se-iam assim muito bem as riquezas que aquele tinha ao sul do Douro. Há todavia dificuldades cronológicas para poder admitir esta construção. Com efeito Egas Eriz fugiu para o norte do Douro durante as incursões muçulmanas dos fins do século X (DC 384) e voltou pouco depois à sua terra. Ora em 1017 Gonçalo Viegas, seu filho, já dominava em Montemor sob a autoridade do conde Mendo Luz e de Afonso V f DC 549), portanto um ano depois de Ero Gonçalves confirmar o único documento em que aparece. Sendo assim, Ero Gonçalves ainda era vivo quando Egas Eriz voltou do norte. Nesse caso porque é que o DC 384 não cita o seu nome, em vez do do filho (na hipótese de L. G. de Azevedo)? Além disso, pelas razões que expomos em III A 6, parece-nos mais provável que Egas Eriz seja filho de Ero Moniz, ou, em todo o caso um membro da família de Ero Gondesendes. Temos portanto de concluir que o Ero Gonçalves de DC 227 pode ser filho de Gonçalo Moniz, mas dificilmente se pode admitir fosse o pai de Egas Eriz «laia». Quremos assim corrigir que escrevemos em Le monachisme ibérique et Cluny (p. 79) onde aceitámos a hipótese de L. G. de Azevedo. Isto não implica porém, qualquer, mudança no que nesse lugar pretendíamos demonstrar porque Egas Eriz, pertenceria, do mesmo modo a uma família condal.

E. FROILA GONÇALVES (994-1017).
Era proprietário de bens em Sevilhão, que deu em 994 a Leoderigo e a Ermengro (DC 170). Também ofereceu várias terras ao mosteiro da Vacariça em 1006 (DC 196), e prometeu dar-lhe outros que foram confirmados em 1018 por sua prima a condessa Tutadomna (DC 234). Depois da invasão do nosso território por Almançor (995 c 997), aliou-se aos ocupantes e apoderou-se do mosteiro de Sever do Vouga (DC 194). Dominava no castelo de Montemor, mas foi expulso dali pelo conde Mendo Luz, que em 1017 ocupou o território sob a autoridade de Afonso V . Não e impossível que se identifique com o Veila Gonçalves que em 995, ou mais provavelmente em 997 dirigiu um fossado de mouros e cristãos para atacar o castelo da Maia, que se rendeu por traição de Eirigo Gonçalves, o que permitiu a Veila assolar o território entre Douro e Ave . Todavia o Prof. Rui de Azevedo inclina-se a pensar que se trate de pessoas diferentes. Nesse caso Veila podia ser talvez um irmão de Froila, de tal modo semelhantes são as situações de ambos.

Não se conhece o nome de sua mulher. -

Filhos: Gonçalo Froilaz (1037), conde, segundo a filiação proposta por E. Sáez . Em 1037 vendeu uma propriedade que pertencera aos servos de sua mulher (DC 295; cf. DC 393), Ermesenda Fernandes (1037-1048), como se declara em DC 295. Esta senhora aparece ainda em 1048 a confirmar uma venda de sua [irmã] Sarracina (DC 363). Era filha de Fernando Sandines (ver III E 5).

III. DESCENDENTES DE ERO FERNANDES



[84] Jimenos y Velas en Portugal, in RPH 5 (1951) 487.

[85] História de Portugal II 162-163.

[86] DC 242. Para a data deste acontecimento, cf. DC 549.

[87] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 197-v.

[88] Comunicação ao Congresso de Vimara Peres, Porto 18-23 de Junho de 1968.

[89] Notas al episcopologio minduniense Esquema 5.


A. ERO FERNANDES (895-926).
Segundo as investigações de E. Sáez não se conhece grande coisa da sua vida. Sabe-se todavia que desempenhou papel importante na corte de Afonso III e dos seus sucessores, que governou o conmisso de Lugo durante o reinado de Ordonho II, e que era irmão de Diogo Fernandes (IV A). Não aparece em documentos portugueses, mas quase todos os seus filhos figuram neles.

Mulher: Ausenda, em primeiras núpcias, no último terço do século IX; e Elvira ainda antes do fim do mesmo século.

Filhos:
1. Ilduara Eriz (916-958), que casou com o conde Guterre Mendes (912+ a. 934), da cuja família falamos em II B.

2. Gondesendo Eris (914-947), que SEGUE.

3. Gugina Eriz, que casou talvez com seu [tio] Godesteu Fernandes (912-922), irmão, segundo parece, de Ero e Diogo Fernandes, como propõe, com boas razões, E. Sáez . Este

Godesteu Fernandes era proprietário da Villa Median entre Douro e Paiva (DC 66). Segundo o mesmo autor, teve por filhos a Ordonho, Fernando, Mansura, Afonso e talvez Ansur. De Afonso temos noticia por intermédio de seu filho Bermudo Afonso (923?-952), que trocou com Mumadona Dias a Villa Mediana herdada de seu avô, pôr várias viliae na Galiza (DC 66). O mesmo Bermudo tinha outros bens em Riba Tâmega, que trocou igualmente com a mesma condessa (DC 76).

[90] E. SAEZ, Los ascendientes 50-57

[91] E. SAEZ, ibid.

[92] E. SAEZ, ibid. 66-68.

[93] E. SAEZ, Notas al episcopologie minduniense Esquema 2.

[94] E. SAEZ, Los ascendientes 57-58 (121)


Quanto a Ansur Godesteis (943-951), a filiação é meramente hipotética, mas o patronímico e as propriedades de Bermudo, seu [irmão] ao sul do Douro, dão firmeza suficiente a esta sugestão. A sua personalidade é bem conhecida, pôr ter fundado o mosteiro de Arouca. Casou com Eileuva (938--952) e deixou o mosteiro a uma sobrinha, Gotinha, que não se sabe de quem era filha (DC 53, 63, 392, 423, 781). Esta, por sua vez, deixou o mosteiro a outra sobrinha, Toda Godesteis (1060) (DC 423), e esta a um sobrinho, Froila Godesteis (1060), marido de Sesilli e pai de Afonso e Godinho, os possuidores de Arouca no fim do século XI (DC 423, 781).

Diogo Eriz (-+ a. 917).

Teresa Eriz (929), que casou com Gonçalo Betotes (915--929), do qual teve pelo menos cinco filhos :

a) Paio Gonçalves (936-959), conde, que casou com Ermesenda Guterres (929-934) (ver II B 5).

b) Hermenegildo Gonçalves (926-943), conde, marido de Mumadona Dias (926 — a. 981) (ver IV B).

c) Aragunte Gonçalves (922-956), mulher do rei Ordonho II (914-924).

d) Ibéria Gonçalves (929), esposa de Paio Tedones (929-951) (ver I B I).

e) Gontrode Gonçalves (929).

Teresa Eriz não intervém directamente nos documentos portugueses, mas é citada como mãe do conde Hermenegildo no DC 76.

Godo Eriz (960), que casou talvez com um Munio e que, segundo uma hipótese formulada por E. Sáez , deve ter tido um filho chamado:

a) Ero Moniz, que aparece a confirmar um diploma de Ramiro II em 949. Sendo assim, sempre segundo o mesmo autor, seriam filhos deste:

— Afonso Eriz, governador do condado de Cornado pôr concessão da Igreja de Santiago, durante o reinado de Bermudo II (984-999).

— Soeiro Eriz (981-982), que confirma doações de seus [primos] Fernando e Soeiro Sandines ao mosteiro de Lorvão em 981 e 982 (DC 133, 136).

— Gonçalo Eriz (982), que confirma, ao lado de seu irmão Soeiro a mesma doação de 982 (DC 136).

— Ledegúndia Eriz (990), que herdou de sua avó D. Godo uma parte da v. de Aldoar e a deu em 990 a Trutesendo Osores e a sua mulher Unisco (DC 159).

— Pela nossa parte propomos acrescentar-lhes ainda Egas Eriz "Iala", primeiro ascendente conhecido dos senhores de Marnel. Assim o sugerem o patronímico, a época em que viveu (cf. DC 384), o facto de os seus [irmãos], já citados, aparecerem na mesma região e as propriedades de avoenga que seu filho Gonçalo Viegas tinha ao sul do Douro, partilhadas com descendentes de Gondesendo Eriz (na nossa hipótese, seu [tio--avô]). Todavia, este argumento — o mais forte —, não se explica só nesta hipótese. Egas Eriz podia estar relacionado directamente com Gondesendo Eriz, uma vez que não conhecemos os nomes de todos os seus descendentes. Com efeito não se sabe quais foram os filhos de Ermesenda Gondesendes, e é possível que Soeiro Gondesendes tivesse, além de Gondesendo e de Sandino, como se verá adiante, algum filho de nome Ero que não figura nos documentos . Quanto aos descendentes de Egas Eriz, já noutro lugar nos ocupámos deles .

B. GONDESENDO ERIZ (910-947)
Além do célebre diploma de [947] , em que Gondesendo relata a fundação dos mosteiros de Azevedo, Sanguedo, Santa Marinha (entre Douro e Vouga) e Dides (na Galiza), a doença de sua filha Froilo, o casamento ilícito de sua filha Ausenda, a morte de sua mulher Inderquina Mendes «Pala», e em que enumera os bens deixados àqueles mosteiros e ao de Lavra, temos ainda a sua confirmação no documento suspeito, acerca da restauração de Lugo por Ordonho II, datado de 910 , num de Ramiro II em 926 (DC 31) e noutro de Sancho Ordonhes de 927 .

Mulher: Inderquina Mendes «Pala» (+ a. [947]), como declara o DC 12. Nessa altura já ela tinha morrido. Era filha de Hermenegildo Guterres (ver II A 5).



[95] Estes bens sao citados em DC 378 e 549. Segundo o primeiro, os bens de “avoenga" são os seguintes: v. Anta (provavelmente do avô materno), Travanca (de auio nostro Dom Cresconio), Santa Maria de Lamas, Cedrim, Faramontanellos, Paratella, Aurentana, Sala cum suas salinas e talvez Recardães. O DC 549 cita igual­mente como bens de avoenga todos os mencionados em DC 378, a partir de Lamas, e acrescenta-lhes Paradella in riba de Vauga. Ora Recardães pertenceu também a Sandino Soares (DC 183); o mosteiro de Lamas e a v. de Cedrim foram também de Inderquina Pala (DC 73, 84), que, segundo explicamos em III B, 2. devia ser neta de Gondesendo Eriz.

[96] Existe um Ero Soares, proprietário nas margens do rio Ul, mas só em 1020 (DC 144), portanto demasiado tarde para poder ser avô de Gonçalo Viegas, que em 1017 ocupou Montemor. No entanto deve tratar-se de alguém da mesma família, por exemplo de um filho dec Soeiro Sandines ou de Soeiro Gondesendes. Este último podia ter sido (filho) de Gondesendo Soares; figura no mesmo diploma de 1020 e numa doação da condessa Tutadomna à Vacariça em 1018 (DC 234). Ver mais adiante III C 2.

[97] A nobreza rural portuense nos séculos XI e XII a publicar em breve.

[98] DC 12, datado de 897. Data corrigida para [947] por C. SANCHEZ ALBOR­NOZ, Los libertos en el reino astur-leonés, in RPH 4 (1949) 22, reimpresso em ID., Estudios sobre las instituciones medievales españolas (México 1965) 329 (37).

[99] Documento citado por E. SAEZ, Los ascendientes 53.

[100] Documento citado por E. SAEZ, Ramiro II 282 (17).


Filhos, segundo o DC 12:

Froilo Gondesendes ([947]), «nata in pecato» . Por esta causa Gondesendo Eriz mandou construir os mosteiros de Azevedo, Sanguedo e Dides, os dois primeiros na região de Santa Maria e o último na Galiza. Froilo era doente, e foi confiada à abadessa Elvira, que governava um desses mosteiros, ou, mais provavelmente, o da Lavra, de fundação já antiga, visto que a ele vêm a caber as propriedades que pertenciam a Froilo na própria v. de Lavra, em Gondomar, em Kauso e em Valongo (DC 12). Este senhora ficou, com certeza, sem descendentes.

Ermesenda Gondesendes ([947]), de quem se sabe apenas que lhe tocou, à morte de sua mãe, a v. de Avintes (DC 12). Seria esta a Ermesenda que desposou o conde Arias Mendes (914-922), e cujo patronímico se desconhece? (cf. II A 2). O nome de Inderquina «Pala» dado à insigne benfeitora de Lorvão que vive entre 957 e 981 (DC 73, 84, 117, 132) faz supor, só por si, que fosse descendente directa de Gondesendo Eriz e de sua mulher Inderquina: possivelmente neta. Entre os filhos deste casal, a que tem mais probabilidades de ser sua mãe e Ermesenda. Se se verificasse a hipótese de ela ter casado com o conde Arias Alendes, explica-se-ia muito bem a sua riqueza em bens na região de Coimbra (ver também III D 2).

Ausenda Gondesendes (939-[947])? que casou, contra vontade de seus pais, com Ansur Benfrogia. Este morreu pouco depois, sem que Ausenda tivesse filhos. Para reparar a sua falta, Gondesendo Eriz mandou edificar o mosteiro de Santa Marinha, e deu-lhe os bens que pertenciam a Ausenda por morte de sua mãe Inderquina (DC 12). Ausenda teve também propriedades em Celláu, perto de Lugo, em comum com a sua «congermana» Gogina Eriz, em 939 .

Soeiro Gondesendes ([947]), que SEGUE.

C. SOEIRO GONDESENDES ([947]+ a. 964).
Embora o DC 12 apenas lhe cite o nome, conhecemos o ramo dos seus descendentes que ficou com o mosteiro de Sever do Vouga, através do documento pelo qual este mosteiro foi dado à Vacariça em 1019 (DC 242). Outro documento de 964 (DC 87) cita também o seu nome, mas não o patronímico, e dá-o já por falecido. Nele se declara que fundou o mosteiro de Sever.

Mulher: Goldregogo (+ a. 964), segundo os mesmos documentos, que não lhe indicam o patronímico (DC 87, 242). Faleceu antes de 964.

Fillios:
1. Sandino Soares (964 + a. 981), segundo DC 87, 242. SEGUE.

Gondesendo Soares (964), segundo as mesmas fontes. Nao temos nenhum documento que nos aponte com alguma certeza os seus descendentes. Por isso limitamo-nos a indicar as pessoas de patronímico Gondesendes que aparecem entre Douro e Mondego no princípio do século XI:

— Arualdo, testemunha de uma venda de Ero Soares e Froila Erotiz junto ao rio Ul, em 1020 (DC 244).

— Soeiro, que confirma a mesma venda, e também uma doação da condessa Tutadomna à Vacariça em 1018 (DC 234).

— Veila, testemunha da mesma venda de 1020 (DC 244).

— Teodemiro, confirmante da já citada doação da condessa Tutadomna em 1018 (DC 234).

— Froila, fundador do mosteiro de Anta, e falecido antes de 1037 (DC 296). Este foi casado com Ausenda Galindes "Dulcedona" (DC 296, 298, 404) e teve pelo menos três filhos, Diogo, Monneo e Ilduara, todos vivos em 1037 (DC 296). Se Froila Gondesendes é filho de Gondesendo Soares, teríamos, assim, nesta família, os fundadores de quase todos os mosteiros conhecidos entre Douro e Mondego.

D. SANDINO SOARES (964+ a 981).
[101] Documento publicado por E. SAEZ, Los ascendientes 120-124, com iden­tificação feita pelo mesmo autor Ibid. 122 (40).

Deste indivíduo conhece-se apenas um documento, a concessão do mosteiro de Sever do Vouga aos presbíteros Godesteu e Sandino em 964 (DC 87). Mas fazem-lhe referencia outros dois documentos de Sever, donde se deduz que tinha deixado um terço da v. de Recardães a seu filho Fernando Sandines, e que morreu antes de 981 (DC 133). Ha uma outra referencia ao mesmo facto em 1019 (DC 242).

Mulher: Ximena (+ a.98l), segundo DC 133. É também citada no DC 216. Neste documento diz-se que D. Ximena tinha comprado uma herdade em Guilhabreu e a deixou a seus filhos Soeiro, Fernando e Goldregodo. Estes trocaram-na por outra com Trutesendo Guimires, que a possuiu durante trinta e cinco anos, e depois entrou em questão, a propósito da mesma propriedade, com Rodrigo Froilaz (DC 216 de 1011).

Filhos:
1. Fernando Sandines (981-1011+ a. 1019), segundo DC 133, 216 e 242. SEGUE.

2. Soeiro Sandines (981?+ a. 982), segundo DC 216, 242. Deste personagem conhece-se um testemunho directo, a confirmação da doação de seu irmão Fernando a Lorvão no DC 133 de 981. Mas declara-se logo no ano seguinte, no DC 136, que morreu sem filhos legítimos e ordenou a seu irmão Fernando desse ao mosteiro de Lorvão a parte que tinha nas v. de Recardães, Antolini, Ventosa e Belli; o que foi executado precisamente pôr este documento. Sabe-se ainda, pelo DC 216, que tinha herdado de sua mãe Ximena uma propriedade em Guilhabreu, que depois trocou pôr outra; e, pelo DC 242, que foi patrono do mosteiro de Sever. Há no Livro dos testamentos de Lorvão uma noticia dos bens que ele e os seus herdeiros deixaram ao mesmo mosteiro . Este Soeiro Sandines dificilmente se pode identificar com outra pessoa do mesmo nome, que era marido de Inderquina «Pala». Esta ofereceu em 961 ao mosteiro de Lorvão importantes bens na região do Vouga, do Paiva, de Viseu e de Coimbra tendo o marido falecido já (DC 84). Para se identificar com aquele de que nos ocupamos, seria preciso: 1) ou datar este documento de depois de 981, o que não é possível, dadas as confirmações; 2) ou datar o DC 133 de antes de 961, o que também iria contra as respectivas confirmações; 3) ou admitir que houve erro de transcrição no nome de Soeiro Sandines, que confirma o DC 133. Todavia esta última hipótese também é pouco provável, porque não tem base paleográfica plausível e porque implicaria o facto de seu irmão Fernando deixar passar mais de vinte anos depois da sua morte para cumprir o legado testamentario (cf. DC 136). Parece portanto necessário reconhecer-se a existência de duas pessoas de nome Sandino Suares que viveram na mesma região com poucos anos de intervalo e que sem dúvida eram aparentados um com o outro .

[102] Publicada em R. de AZEVEDO, O mosteiro de Lorvão e a reconquista cristã, in Arquivo histórico de Portugal, 2 (1933) 220-221.

[103] O parentesco é indicado pelo facto de Inderquina ter o mesmo nome que a mulher de Gondesendo Eriz, nome bastante raro. Como os nomes de mulheres se transmitem mais frequentemente pôr linha feminina, pode-se apontar como mais provável ligação entre ela e Gondesendo Eriz a Ermesenda Gondesendes. Se esta senhora foi casada com o conde Arias Mendes, como sugerimos em III B 2, explicar-se-iam muito bem as grandes riquezas de Inderquina “Pala” na região de Coim­bra. As confirmações dos documentos de Inderquina trazem uma leve apoio à nossa hipótese: DC 84 de 961: Gondesendo, pode ser Gondesendo Soares, [primo direito] de Enderqmna; S. Rosendo seria também seu [primo direito], pelo lado do [pai], Ximeno Dias seria marido de sua [prima direita] Ausenda Guterres, pelo lado do [pai], Gonçalo Moniz, seria, segundo a hipótese que apresentámos em II C 6, [filho] de Elvira Arias, sua [irmã], os outros personagens que aparecem a con­firmar este documento não sabemos em que famílias entroncam. No DC 73, há liga­ções muito longínquas com Alvito Lucides e Diogo Teles; mas Gonçalo Nuniz pode talvez identificar-se com Gonçalo Moniz, seu [sobrinho], e Ximeno Dias seria [marido de sua prima direita], como já dissemos. Enfim, podem-se consultar ainda, sobre Inderquina “Pala”) os DC 117 e 133, o primeiro não tem confirmantes, e o segundo cita-a, mas não é outorgado pôr ela.


Goldregodo Sandines (976), segundo o DC 216. Neste documento declara-se que era casada com Vimara Ermiariz. Este tinha uma ratio do mosteiro de Aldoar (Porto) em conjunto com Ledegúndia Eriz (DC 159) (ver mais cima III A 6).

E. FERNANDO SANDINES (981-0. [1005] + a. 1019) conde.

Deste individuo conhecemos a doação de um terço da v. de Recardães e das salinas de Canelaria ao mosteiro de Lorvão em 981 (DC 133). No ano seguinte executou o legado testamentario de seu irmão Soeiro em favor do mesmo mosteiro. Confirmou a doação de Telo Alvites ao mosteiro de Antealtares em 985 . Foi herdeiro da v. de Guilhabrcu com os seus dois irmãos e trocou a parte que lhe cabia com Trutesendo Guimires por volta de 976 (DC 216). Herdou ainda o mosteiro de Scver do Vouga, de que Froila Gonçalves se apoderou durante a ocupação muçulmana que durou até 1017. Nessa altura voltou às mãos dos filhos de Fernando Sandines (DC 242).- Deixou também às filhas a igreja de Loureiro (DC 270). Em 990 julgou, com o título de conde, uma questão em Vermoím, e depois em Vila Aieã . Entre 1002 e 1008, provavelmente, assistiu ao julgamento do traidor Eirigo Gonçalves feito em Roçarei pelo conde Atendo Gonçalves . É chamado dux num documento de 1040 (DC 309).

Mulher: Elvira (981), segundo DC 133, 270, 285, 295, 309.

Filhos:
1. Nuño Fernandes (1019), a que só encontrámos referencias em DC 242, documento em que, com os seus irmãos, oferece o mosteiro de Sever ao da Vacariça, em 1019.

Sandino Fernandes (1019), do qual também não aparecem outras referencias.

Sarracina Fernandes (1031-1048), devota. Filha de Fernando Sandines, segundo DC 270, 309. Possuía a igreja de S. Cosme da v. de Lauraríu, que deu ao mosteiro de Moreira em 1031 (DC 370). Em 1037 confirmou uma venda de sua [irmã XimenaJ (DC 294). Em 1040 vendeu em Rial uma herdade que fora de um antigo servo (DC 309); logo a seguir dá licença a outro servo para vender outra herdade no mesmo lugar (DC 310). Em 1048 vendeu um quarto da igreja de Gemunde, que pertencera igualmente a um servo (DC 363). Do DC 270 declara-se confessa, e nos DC 309, 310 e 363, deouota.

Ximena Fernandes (1034-1078), condessa, segundo DC 285, 294, 556. SEGUE.

Ermesenda Fernandes (1037-1048), segundo o DC 295. Tal como sua irmã Sarracina, também Ermesenda vendeu em Rial uma propriedade de fora de servos seus (DC 295 de 1037). Em 1048 confirmou a já citada venda da mesma irmã (DC 363). Do primeiro destes documentos verifica-se que casou com o conde Gonçalo Froilaz (1037), que era filho de Froila Gonçalves (ver II D 2). Talvez se identifique com a «comitissa domna Ermesenda» que antes de 1101 vendeu uma propriedade em Penso (Braga) .

F. XIMENA FERNANDES (1034-1078), condessa.

Tinha bens em Pigueiros, Touguinha e Porto de Muiliaui, que deu a seu filho Soeiro Pais em 1034. Em 1037 vendeu herdades em Gondivai e em Rial (DC 294). Em 1040 confirmou uma venda de sua irmã Sarracina e outra de um servo dela (DC 309, 3'io). Em 1048, outra venda da mesma irmã f DC 363). Em 1078, era ela própria que vendia bens em Pindelo (Vila do Conde) (DC 556).

Marido : Chamava-se, com certeza, Paio, visto os filhos de Ximena terem o patronímico Pais (DC 285), e era provavelmente conde, visto Ximena usar o titulo de condessa. Nestas condições, talvez se possa identificar com o conde Paio Froilaz que confirmou dois documentos de D. Afonso V em 1025 (DC 259; LF 22); ou então com o Paio Nunes (que todavia não figura com o título de conde) que confirma dois documentos seus em 1034 e 1037 (DC 285, 294) e outros dois de Sarracina Fernandes em 1040 (DC 309, 310) Há ainda confirmações de Paio Nunes em documentos da condessa Ilduara. Mendes .

[104] Marquês de SAMPAYO, in O archeologo português 27 (1930) 151.

[105] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 184v.-185r.

[106] Ibidem, f. 1971-.

[107] LF 157 = DP III 9.


Filhos:
1. Soeiro Pais (1034-1049), segundo DC 285. Recebeu de sua mãe bens em Pigueiros, Touguinha e Porco de Muiliani em 1034 (DC 285). Em 1040 confirmou um julgamento acerca do mosteiro de Vermoim (DC 311). Em 1043 comprava herdades em Pigeiros e Torno (DC 329). No ano seguinte trocou propriedades em Pigeiros e em Viariz (DC 334). Todavia não abandonou, com certeza, todos os bens que tinha em Pigeiros, porque em 1044 ficou com uma terra que nesse lugar possuía o fiador de um devedor insolvente (DC 335), e em 1049 dá herdades em Pousada para em troca receber outras situadas em Pigeiros (e ainda em Touguinha e Cetegãos) (DC 371).

Mulher: Eilo ou Eilan, (1034-1049) citada, sempre sem patronímico, na maioria dos documentos mencionados.

Maior Pais (1037-1116?), segundo DC 294. Depois do documento que a cita em 1037 (DC 294), aparecem numerosas referencias a uma Maior ou Maria Pais entre 1071 e 1116 , casada com Paio Peres. Todavia, o facto de entre as duas primeiras referencias medearcm trinta anos não permite propor esta identificação sem dúvidas serias.

IV. DESCENDENTES DE DIOGO FERNANDES A. DIOGO FERNANDES (909-926).

A personalidade de Diogo Fernandes já foi suficientemente definida pôr E. Sáez , que indica toda a documentação conhecida que se lhe refere. Dentre estes dados salientam-se os que se referem a Portugal: a confirmação de um diploma de Ramiro II datado de 926 (DC 31)5 a indicação do seu nome como pai de Mumadona Dias (DC 76) e avô de Châmoa Rodrigues (DC 89). Neste último documento apontam-se os bens que deixou à neta em Retorta, Castro, Nogueira, Portela e Tebosa. J. Pérez de Urbel supõe que tenha acompanhado o infante Bermudo Ordonhes a Coimbra. Esta hipótese é também admitida como provável pôr S. Sáez .

Mulher: Onega (928 + a. 959), segundo DC 76, 8l. Em 928, depois da morte do marido deu Vila Cova ao mosteiro de Lorvão (DC 34). J. Pérez de Urbel lançou a hipótese de ser filha da infanta navarra Ledegúndia, e de Ximeno. De facto o seu nome e o de seus filhos são navarros. Todavia não se poderam encontrar outras bases para esta explicação. A afirmação do Prof. Paulo Merêa , de que Onega era filha de Lucídio Vimaranes, baseia-se, sem dúvida, no emprego inadvertido do DC 22, falso datado de 919, onde figura, de facto, uma Onega Lucides . A senhora a que este documento se refere viveu em 978-1006 e era filha de Lucídio Alvites (ver I C 2).

[108] LF iS2, 187; cf. LF 176.

[109] LF 377, cuja data pode talvez estar errada, pôr aparecer no meio de uma serie de documentos ordenados cronologicamente, entre um de 1090 e outro de 1091; a série é constituída pôr LF 375 a 380. Ver ainda: LF 227, 460, 605, 698, etc.

[110] Los ascendientes 58-66.

[111] Jimenos y Velas en Portugal, in RPH 5 (1951) 477-479.

[112] Los ascendientes 58.

[113] Jimenos y Velas en Portugal, in RPH 5 (1951) 480-481.

[114] Cf. E. SAEZ, Los ascendientes 62-63.

[115] Direito e História I (Coimbra 1967) 188, nota 21, e 194.

[116] Sobre a falsidade deste documento, ver R. de AZEVEDO, O mosteiro de Lorvão, in Arquivo histórico de Portugal 2 (1930) 190; P. DAVID, Etudes historiqueo 248; C. SANCHEZ ALBORNOZ, Despoblación y repoblación del valle del Duers (Buenos Aires 1966) 241 (100).


Filhos indicados no DC 34:

Munia Dias (928-973?;. Sobre esta senhora, ver as indicações dadas a proposito de seu marido Alvito [ Lucides], em I C. Ai se indica também a sua possível descendencia.

Ledegúndia Dias, que casou provavelmente com Rodrigo Tedones, segundo o hipótese apresentada em I B i, onde se indica também a sua descendência.

Ximeno Dias (923-961), conde. Aparece muitas vezes em documentos portugueses. Eis a lista de referências por ordem cronológica: 928, dá Vila Cova a Lorvão, com sua mãe Onega (DC 34); 933, confirma a venda de Zahadon e seus irmãos em Alvalade (DC 39) e a fundação da igreja de Paradela, na Maia; 936, julga a questão acerca dos limites entre Vila Cova e Alquinitia (DC 42); 938, dá a Lorvão um porto situado junto do Mondego que tinha recebido como multa judiciária dois anos antes (DC 47); 943, confirma uma doação de Ramiro II a Lorvão; 957, confirma a doação de Inderquina «Pala» ao mesmo mosteiro (DC 73); 959, referência à troca que fez com Ramiro II da v. de Samota (junto do Douro) pela de Lalim, e à doação que fez a sua irmã Mumadona da v. de Luzim (DC 76); 961, confirma dois documentos de Lorvão (DC 83, 84). O seu nome aparece ainda numa versão do DC 100 de 969, mas esta data está errada; e ainda no DC 147 de 985, ou por a sua data estar tambem errada, ou por se tratar de outra pessoa do mesmo nome. Em data desconhecida, ofereceu a v. de Palácios (junto ao Douro) ao mosteiro de Guimarães. Acerca da actuação política de Ximeno Dias podem-se consultar as hipóteses formuladas por J. Pérez de Urbel.

Mulher : Ausenda Guterres (934-983), filha de Guterre Mendes e de Ilduara Eriz, segundo E. Sáez. Vejam-se algumas referências documentais à sua pessoa em II B 4.

Filhos : a) Gonçalo Ximenes (955-985), que confirma documentos de Lorvão em 974 e 985. Foi casado com Elvira Martins (985).

Ximeno Ximenes (976-1017), que não aparece em documentos portugueses.

Froila Ximenes (986-1010), que também não aparece nos nossos documentos.

Vasco Ximenes (994), que confirma uma questão entre o rei Bermudo II e Guimaraes, segundo citação de um documento de 1014 (DC 223). Teve pelo menos um filho, Paio Vasques, que morreu antes de 1022 e deu ao mosteiro de Guimarães uma igreja dedicada a S. Martinho. Neste mesmo ano de 1022, o mosteiro cedeu-a «in uita tua») ao filho de Paio Vasques, Vasco Pais (DC 251).

Bermudo Ximenes (955), filiação apresentada com dúvidas por E. Saez.

Goncinha Ximenes (951-994), casada com Soeiro Gondemariz (968-9
Mumadona Dias (926 4-a. 981), que SEGUE.

[117] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, t. 194r == 206r.

[118] DC 50. Talvez sejam desta ocasião as confirmações não datadas de Ximeno a seguir às do rei Ramiro II em DC 15, 36.

[119] Vf. E. SAEZ, .Notas al episcopologio minduniense 28 (116); ID., Los ascen­dientes 107 (154). Nesta última nota H. Saez propõe a data de 951-956.

[120] Com efeito, secundo o Chronicon Laurbanense, o abade Primo, antecessor de Benjamim, que figura neste documento (datado de 22 de Julho de 985), morreu só em 12 de Agosto de 985. De facto é ainda mencionado no DC 148 de 23 de Julho de 985. Benjamim aparece depois só em 988 e em 998 (DC 154, 179). Todavia, a lista dos confirmantes nao suscitas dúvidas sérias.

[121] DC 420, p. 261.

[122] Jimenos y Velas en Portugal, in RPH 5 (1951) 485-486.

[123] Notas al episcopologio minduniense, Esquemas 5 e 6.

[124] Notas al episcopologio minduniense, Esquema 6.

[125] DC 114, 147, 148.


B. MUMADONA DIAS (926 + a. 981), condessa.

Esta célebre condessa deixou importantes vestigios na nossa documentação, sobretudo os relacionados com o mosteiro de Guimaraes, que fundou em 950, ou pouco antes. É citada a primeira vez em 926, quando o Rei Ramiro lhe dá a ela e ao seu marido uma herdade em Creixomil (DC 31). Dois anos depois oferece, com sua mãe e irmãos, a Vila Cova ao mosteiro de Lorvão (DC 34). Em 949, certos devedores concedem-lhe, para pagar uma dívida, metade da v. de Santa Eulalia (DC 59). No ano seguinte distribuí os seus bens pelos filhos (DC 61), e recebe do rei Ramiro a v. de Mellares, sendo já nessa altura protectora do mosteiro de Guimaraes (DC 36). Em 952 troca os bens que tinha na Galiza por Vila Meã (entre Douro e Paiva), que fora antes de Bermudo Afonso (DC 66). Em 957, o «príncipe» Ramiro dá-lhe o mosteiro de São João da Ponte (DC 71). Dois anos mais tarde assina a dotação do mosteiro de Guimarães, no dia em que a sua igreja foi sagrada, e declara-se «conuersa» (DC 76). Em 960, e chamada "tia" e «deuota" por Chãmoa Rodrigues (DC 81). Em 964, confirma. com o mesmo título de devota, uma troca entre Ausenda Guterres e seu [filho] Gonçalo Mendes (DC 88). Finalmente, em 968, determina em que condições seus filhos Gonçalo e Onega, e respectivos descendentes, poderiam usar o castelo de Guimaraes, recentemente construído (DC 97).

Marido : Hermenegildo ou Mendo Gonçalves (926-943 + a. 950), filho do conde Gonçalo Betotes e de Teresa Eriz (ver III A 5). É citado na doação da v. de Creixomil, que lhe fez em 926 o rei Ramiro (DC 31) e como testemunha da doação da condessa Onega a Lorvão em 928 (DC 34) e de duas doações de Ramiro II ao mesmo mosteiro em 933 e 943 (DC 37, 50). O DC 61 mostra que já tinha falecido em 950. O diploma da dotação de Guimarães fala da sua morte e das testemunhas do seu testamento (DC 76).

Filhos, segundo DC 61 e 76:

Gonçalo Mendes (950-985), que SEGUE.

Diogo Mendes (950-968). Na distribuição de bens feito por sua mãe em 950, recebeu as viliae de Turisi, Castrellos, Chira, Palatio de Bornem, Quireza, Nocecho e Angorza (DC 61). No documento sobre a dotação de Guimarães, declara-se que trocou com Mumadona a v. Turisi, recebendo a de Camantio (DC 76 de 959). No mesmo ano oferece ao mosteiro patroninado por sua mãe a v. de Fão, que obtivera por troca (DC 77). Em 964, confirma uma troca feita por seu [irmão] Gonçalo com Ausenda Guterres (DC 88).

Mulher: Aldonça (959), mencionada no DC 77.

Filhos: Embora não haja outros argumentos alem do nome, do patronímico e das relações que teve com Guimarães, foi certamente sua filha a segunda Mumadona Dias, devora, que viveu no mosteiro entre 992 e 1025. Esta recebeu, com os monges de Guimarães, em 992, umas herdades «incomuniadas» por frei Daniel (DC 166). Confirmou um documento do mosteiro em 994 (DC i6S). Esteve presente à questão dos monges com Lovesendo Aboazar em 999 (DC 183). Em 1009, sendo intitulada condessa, recebe uma herdade em Nespereira, em compensação de uma dívida em géneros (DC 212). Algum tempo antes de 1021 deu uma propriedade à «confessa») Bronili, que nesse ano a restituiu a Guimarães, sendo Mumadona ainda viva (DC 247). Finalmente, «consentiu» na doação que em 1025 o rei Afonso V fez ao abade Pedro Alvites.

[126] DC 36; cf. DC 76.

[127] DC 259; cf. DC 407.


Ramiro Mendes (950-959+0.964), que aparece como diácono no DC 61 de 950. Neste mesmo documento declaram-se os bens que lhe couberam na herança de sua mãe: Laustelo, Archa, Remedio, Santum de Mulieres, S. Pedro Vanat, Villiaredi, Verdulegio, S. Martinho, Manancos, Spinitello e Quintanella. Também é mencionado, sem indicação de qualquer função eclesiástica, na dotação de Guimarães (DC 76, de 959), talvez por já ter casado com Ausenda Guterres. Este casamento é expressamente declarado depois do seu falecimento, no DC 88, de 964 e no DC 99 de 968 (ver também o DC 138 de 983). Do primeiro destes documentos, depreende-se que o rei Ordonho lhe dera a v. de Castanhcira e ele a deixara a sua mulher; do segundo, que rinha obtido a v. de Moreira [de Cónegos] e a trocara depois com seu irmão Gonçalo, obtendo a v. Cagiti.

Mulher : Ausenda Guterres (964-983), conforme se declara nos documentos citados. Esteve muito pouco tempo casada com ele, porque era viúva de Ximeno Dias, tio de Ramiro Mendes, o qual morreu pouco depois de 961 (ver IV A 3). Ora em 964 ia Ausenda era viúva de Ramiro (DC 88). É muito provável que não tivessem tido descendentes.

Onega Mendes (950-9ÔS). Um 950, sendo devota, recebeu como herança de sua mãe as v. de Guimarães, Lalim, Dorsum, Várzea (em Riba Douro), Plato Antili. Cerzedelo (em Riba Lima), S. Martinho de Ebreos e Mangunario. Em 959, porem, sua mãe declara que tinha abandonado a vida religiosa e casado com Guterre Rodrigues. Nessa altura trocou a v. de Guimarães com sua mãe (DC 76). Em 968 Mumadona determina em -que condições pode usar o castelo de Guimarães (DC 97). Sabe-se ainda que possuiu bens em Moreira [de Cónegos] e em Vilarinho.

Marido: Conde Guterre Rodrigues (c. 950-1014), segundo o DC 76. Aparece a confirmar uma doação do rei Ramiro a Guimaraes, datada de 957 (DC 71), e assiste ao julgamento da condessa D. Toda sobre Guimarães em 1014 (DC 225). Refere-se a ele o LF 22, dizendo queera herdeiro, com Onega Lucides, dos servos que haviam pertencido ao conde Vímara. Este documento faz supor que seria filho de Rodrigo Tedones (928-933), neto de Tedon Lucides e bisneto de Lucidio Vimaranes, conforme sugerimos em I B i. Não lhe conhecemos descendentes.

Nuño Mendes (950 +a. 959), Herdou de sua mãe as v. de Chavaliones, Ferrali equo, S. Cipriano, Sanguinieto, sauto de Senabrio, Laratom, Pausata meliorata e Fonsim (DC 61). Em 959 já tinha falecido, sem descendentes (DC 76).

Arias ou Ariano Mendes (950-964). Couberam-lhe em herança as v. de Novelas, Arouca, Oliveira, Palus, Cernatella, Muscosio, Plazenti e Jacinti de Tamcha (DC 61). Confirmou em 959 a dotação de Guimarães, e em 964 a troca de seu [irmão] Gonçalo com Ausenda Guterres, sua [cunhada] (DC 76, 88).

C. GONÇALO MENDES (950-985), conde.

Depois de haver recebido em herança as v. de Nespereira, Chagra, Sauto de Auacos e Farazone (DC 61), Gonçalo Mendes figura na dotação de Guimarães, onde se diz também que trocou a primeira daquelas viliae pela de S. Cipriano, a pedido de sua mãe (DC 76). Em 964 trocou com Ausenda Guterres as v. de Kagiti e Mindelo, recebendo as de Moreira [de Cónegos] e de Castanheira (DC 88). Quatro anos mais tarde sua mãe declara sob que condições pode fazer uso do castelo de Guimarães, construído havia pouco (DC 97). No mesmo ano deu ao mosteiro as v. de Moreira [de Cónegos] e Castanheira, que havia trocado com sua cunhada Ausenda, e ainda a de Armiri (DC 99). Em 981 ofereceu a Lorvão a v. de Palos, no vale do Vouga, e a de Lamas, de que herdara uma quarta parte (DC 132). Em 983 confirma as doações de Moreira de Cónegos e de Armiri, feitas anteriormente a Guimarães, a acrescenta-lhes a igreja de S. Martinho e ainda Vila Cova, Barrosas e Negrelos (DC 138). Aparece uma última vez a confirmar a doação do conde Telo Alvites a Antealtares, em 985. Mas é várias vezes nomeado em documentos mais tardios: 991, referência a um julgamento que tinha feito na região da Maia; 1014, declara-se que recebera de Mito Todegildes e seus irmãos uma parte de Vila Cova de Freitas, que depois deu a Todegildo e sua mulher Gontinha (DC 225); 1044, sobre a alphetena que teve com o conde Gonçalo Moniz, durante a qual defendeu o mosteiro de Guimaraes, recebendo em recompensa a v. de Taboadelo (DC 340); deve ter sido depois desta questão que teve uma disputa com o conde de Limia, Rodrigo Vasques, em Aquilúncias, levando a melhor; 1059, afirma-se que «fizera» em Taboadelo uma villa e a igreja de S. Cipriano; 1025, considera-se senhor dos servos da Igreja de Braga antes do conde Mendo Gonçalves. O conde Gonçalo Mendes esteve implicado em importantes acontecimentos políticos, que já foram examinados pêlos nossos historiadores.

[128] DC 952, p. 563.

[129] Marquês de SAMPAYO, in O archeologo português 27 (1930) 151.

[130] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. l98r-v.


Mulher: Ilduara Pais (961-964 -r a. 983), segundo o DC 88. Era filha do conde Paio Gonçalves (ver II B 5). Figura com o nome completo num documento de Lorvão de 961 f DC 85), e só com o nome de Ilduara no DC 88. Identifica-se provavelmente com a comidesa D. Ilduara, que foi proprietária do mosteiro de Prozclhe (DC 378).

Gonçalo Mendes casou em segundas núpcias com Ermesenda (983-1008), porque esta senhora figura como sua mulher no DC 138, de 983. Em 1008, sendo viúva, recebeu, juntamente com a comessa Sessilli, do abade Gonta de Guimarães, o usofruto da v. Trepezeto e de Portela Mortaria (DC 201).

Filhos: 1. Mendo Gonçalves (961-1008). Esta filiação não se declara em parte nenhuma, mas depreende-se do patronímico, de ter sucedido a Gonçalo Mendes como governador da região de Braga e de ter confirmado uma doação de seu [pai] em 981 (DC 132). SEGUE.

Ramiro Gonçalves (981-986), segundo E. Sáez. Confirmou uma doação de Fernando Sandines ao mosteiro de Lorvão em 981 (DC 133).

Rosendo Gonçalves (993-1014), conde, segundo o mesmo autor (íbid.). Aparece no nosso território com o título de conde, assistindo a um julgamento presidido por sua [cunhada], a condessa Toda, em 1014 (DC 225).

Diogo Gonçalves, ainda segundo o mesmo autor (Íbid.).

D. MENDO GONÇALVES (961-1008), conde.
A primeira data em que aparece é indicada por E. Sáez (íbid.). Encontra-se depois a confirmar tres doações ao mosteiro de Lorvão em 981, e uma a Antealtares em 985. Em 999 Julga, com o titulo de conde, a questão entre Lovesendo Aboazar e o mosteiro de Guimarães (DC 183). Em 1004 era seu representante na Maia o magister Evenando (DC 193). Pouco tempo depois tinha como sagion na mesma região a Gondesendo (DC 258, de 1025). Só se conhecem alguns dos seus bens por diplomas posteriores à sua morte, que sofreu por assassinato ou em combate a 6 de Outubro de 1008. As terras que tinha em Vila Mea e em Mindelo, deixou-as a sua mulher, e esta trocou-as em 1025 (DC 259); as que possuía em Braga também passaram à viúva e desta para as mãos de Onega Guterres e de seu filho que os alienaram em 1109. Sabe-se ainda que exerceu a sua autoridade sobre o território de Braga depois do conde Gonçalo Mendes e antes de Alvito Nunes , e que teve de combater uma alphetena depois a morte do bispo Ermegildo de Lugo (985) . A paz foi restabelecida durante o reinado de Afonso V, portanto depois de 999. Foi ainda durante o seu governo que Almançor atravessou o nosso território, apoiado na conivência de alguns condes portucalenses. Um destes, Veila Gonçalves, apoderou-se do castelo da Maia, que lhe foi entregue à traição, e que pertencia a Mendo Gonçalves. Passado o perigo muçulmano, Veila reconciliou-se com o conde Mendo . Mendo Gonçalves foi tutor do rei Afonso V durante a sua menoridade .

[131] Documento publicado por LOPEZ FERREIRO e citado por L. G. de AZEVEDO, História de Portugal II 108-109.

[132] DC 420, p. 259.

[133] LF 22, p. 47.

[134] L. G. de AZEVEDO, História de Portugal II 101-114.

[135] LF 22, p. 47.

[136] Notas al episcopologio minduniense, Esquema 2.

[137] DC 130, 132, 133.

[138] Marqués de SAMPAYO, in O archeologo portuguez 27 (1930) 151.

[139] Annales Portucalenses veteres (ed. P. DAVID, Etudes historiques 295).

[140] LF 694 = DP III 326.


Mulher : Toda ou Tutadomna (1008-1022 +a. 1025), segundo DC 259, 407. Era provavelmente neta de Froila Guterres (933-943) e de Sarracina (936-942), conforme sugerimos em II B 3. So aparece nos documentos depois da morte do marido, e sobreviviu-lhe uns quinze anos. Em 1014 confirma um documento do mosteiro de Guimaraes (DC 223). No mesmo ano preside a um julgamento em que o mesmo mosteiro estava implicado (DC 225). Em 1018, apresenta-se como executora das disposições testamentarias de seu primo Froila Gonçalves em favor da Vacariça (DC 234). Em 1021, confirma a doação feita por Bronili ao mosteiro de Guimarães (DC 247), e finalmente, em 1022, julga uma questão referente à igreja de S. Martinho (DC 251). Já tinha morrido em 1025: o rei Afonso V, que lhe chama «tya mostra et mater», entrega nesse ano ao mosteiro de Guimarães alguns bens que lhe haviam pertencido (DC 259). Mas há ainda referências ao seu governo sobre o condado num documento de 1040 (DC 311), e às priedades que tinha em Nogueira (Braga) e deixou a sua filha Ilduara (LF 176).

Filhos :
1. Gonçalo Mendes (983?-1018). A primeira data que apresentamos, 983 ?, depreende-se da confirmação de um Gonçalo Mendes, que figura num documento do conde Gonçalo Mendes, seu [avô], em 983 (DC 138). Todavia não o fazemos sem bastantes dúvidas, porque se já vivia neste ano, é de estranhar que não sucedesse ao pai no governo do condado, pois a sua entrega a Tutadomna faz supor que os seus filhos fossem ainda menores em 1008. São mais certas as confirmações de dois documentos de sua mãe, datados de 1014 a 1018 e já referidos a propósito dela (DC 225, 234). Talvez lhe diga também respeito um documento que afirma ter "encartado") a Fagildp Astrulfiz uma propriedade em Colgeses, antes de 1058 (DC 410).

Ramiro Alendes (1005-1014), porque figura ao lado de sua [mãe] e do [irmão] Gonçalo no já citado julgamento feito por Tutadomna em 1014 (DC 225). SEGUE.

Egas Mendes (1007-1014), que confirma o mesmo documento e a doação de Afonso V a Guimaraes, em 1014 (DC 223, 225).

Munio Mendes (1007-1014)5 que figura ao lado dos irmãos no DC 225, e assiste, junto de seu [pai] ao julgamento do traidor Eirigo Gonçalves em data desconhecida, mas provavelmente entre 1002 e 1008 . Finalmente, pode ser que se identifique com uma testemunha do mesmo nome que em 1025 fez declarações acerca dos servos da igreja de Braga .

Elvira Mendes (1012-1022), que casou com o rei Afonso V, e aparece na documentação da época entre 1012 e 1022, segundo M. R. Garcia Alvares .

Aldonça Mendes (1014), que aparece também no DC 225.

[141] LF 22, p. 47.

[142] A. PALOMEQUE TORRES, Episcopologio de la sedes del reino dé León (León 1966) 273.

[143] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. l97r-v.

[144] L. G. de AZEVEDO, Historia de Portugal II 116.

[145] Segundo E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense, Esquema 2.

[146] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 197r.

[147] LF 22, p. 47.

[148] La batalla de Aguioncha, in Bracara Augusta 20 (1966), esquema junto da p. 342.


Ilduara Mendes (1025-1058), que casou com o conde Nuño Alvites. Ver a documentação que se lhe refere, e a sua descendencia em I F.

E. RAMIRO MENDES (1005-1014).
Além do ja citado coumento em que confirma (DC 225), encontra-se a subscrição de Ramiro Mendes noutros dois diplomas de 1009 e 1014 (DC 212, 223), o segundo dos quais outorgado pelo rei Afonso V. Por um documento inédito de Rio Tinto, sabemos que casou com a condessa Toda Veilaz . Noutro documento inédito do mosteiro de Moreira afirma-se que tinha deixado a sua filha Loba uma herdade em Carrazedo, que ela vendeu em 1044 por 300 soldos. Nesta data já ele tinha morrido .

Mulher : Toda Veilaz (1025-1055), condessa. O casamento com Ramiro Mendes é expressamente afirmado nos já citados documentos de Rio Tinto e de Moreira. «Consentiu» na doação de Afonso V a Pedro Al vites em 1025 . Confirmou a carta de couto de Guimaraes em 1049 (DC 372) e deu em 1055 ao abade Todemondo as herdades que possuía em Canedo, Framil e Paçô . Por referências indirectas, sabe-se ainda que tinha vendido, antes de 1050, uma propriedade na v. de Paramos por 600 soldos (DC 378) e na v. de Rial por preço desconhecido (DC 393). J. Pérez de Urbel declara, sem provas, que era filha de de Veila Eneguiz e irmã de Rodrigo Veilaz, que tiveram uma importante actuação política em Castela. De facto aparece um Bejica Enneconi que confirma em 968 a convenção de Mumadona Dias com o conde Gonçalo Mendos acerca de castelo de Guimaraes (DC 97), e um Egica Ennegot que confirma uma doação do rei Ramiro a Guimaraes em 957 (DC 71). Veila Eneguiz pode portanto ter estado em Portugal. Rodrigo Veilaz também figura em documentos portugueses, mas sempre na corte de Afonso V ; uma destas vezes ostenta o título de armiger regis. Mas isto não é suficiente para provar que Toda fosse da mesma família. Também podia ser filha de Veila Gonçalves, que em 994 ou 997 se aliou com os mouros. A fácil reconciliação do conde Mendo Gonçalves com ele explicar-se-ia, assim, por ser seu sogro. Todavia os elementos disponíveis não permitem afirmar nada com segurança.

Fillius:
1. Ordonho Ramires (1017), segundo uma hipótese apresentada por E. Sáez. SEGUE.

Ermegildo Ramires (1025), segundo DC 259. É a única referencia que conhecemos em documentos portugueses.

Loba Ramiros (1025-1055), conforme se declara em DC 259, 378 e núm documento inédito de Moreira . Aparece junto de seu irmão Ermegildo no ja citado documento de Afonso V (DC 259 de 1025) e a confirmar uma doação inédita de sua mãe ao abade Todemondo em 1055 . Em 1044 vendeu por 300 soldos a herdade que tinha recebido dos pais em Carrazedo . Além disso sabemos que vendeu, juntamente com sua mãe, uma herdade em Paramos, antes de 1050 (DC 378). No penúltimo destes documentos afirma-se ter casado com o conde Sancho Vasques (1044-1059). Além deste documento português em que aparece, vemo-lo citado também entre os magnates da corte de Fernando Magno, em Palencia, para julgar a queixa apresentada pêlos monges de Soalhães contra Garcia Moniz em 1059 (DC 421).

[149] TT, CR, Rio Tinto I 1.

[150] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 185v.

[151] DC 259; cf. DC 407.

[152] TT, CR, Rio Tinto I1.

[153] Jimenos y Velas en Portugal, in RPH 5 (1951) 488.

[154] DC 223 de 1014; DC 259. e LF 22 de 1025.

[155] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. l85v.

[156] TT, CR, Rio Tinto I 1.

[157] Arquivo da Univ. de Coimbra, Santa Cruz, maço 194, f. 185v.


F. ORDONHO RAMIRES (1017).
Sabe-se, por um documento de 1044, que Ordonho Ramiros se tinha apoderado da v. de Taboadelo, pertencente ao mosteiro de Guimarães, e depois a dera a seu genro Fernando Gondemares (DC 340). O mesmo Ordonho Ramires aparece em 1017 a confirmar uma doação de Afonso V a Pedro Fernandes . L. G. de Azevedo identifica-o erradamente com Ordonho III.

Mulher : Elvira, segundo o já citado DC 340.

Filhos:
1. Mumadona Ordonhes (a. 1045), que segundo o mesmo documento casou com Fernando Gondemares, ignorado pêlos outros documentos portugueses da mesma época.

Gontrode Ordonhes (a. 1045), que, ainda segundo a mesma fonte, casou com Mendo Folienz (1018-1045). Foi a ela que Mumadona, sua irmã, deu a v. de Taboadelo. Gontrode restituíu-a a Guimarães em 1045. O seu marido apareceu também em 1018 a confirmar a doação de Tutadomna à Vacariça (DC 234).

[1] Documento citado por E. SAEZ, Notas al episcopologio minduniense 61,

[1] História de Portugal II 102, 103. Ver as razões apresentadas por E. SAEZ. Notas al episcopologio minduniense 61, para contestar a afirmação de L. G. de AZEVEDO.

INDICE ONOMÁSTICO

Neste índice omitem-se os nomes a que o texto nao se refere directamente c cujos parentescos não se pretendeu averiguar

Afonso V. IV D 5.

Afonso Eriz (c. 990), III A 6.

Afonso Froilaz (fin. s. X), III A 3.

Afonso Godesteiz (4-a. 952), III A 3.

Aldonça (959), IV B 2.

Aldonça Mendes (936-942), II A.

Aldonça Mendes (1014), IV D 6.

Alvito Lucidos (1915-973?), I C, IV A i.

Alvito Nunes (985-1015 ou 1016), I E.

Alvito Vimaranes (1055), I C 2.

Ansur Benfrogia (+a. [947])» III A 3.

Ansur Godesteiz (943-951), III A 3.

Aragunte Gonçalves (922-956), III A 5.

Arias Mendes (911-924), II A 2, III B 2.

Arias Mendos (950-964), IV B 6.

Arias Moniz (948-973), II C 2.

Arualdo Gondesendes (1020), III C 2.

Aurovelido Nunes, ver Loba Nunes

«Aurovelido».

Ausenda (fin. s. IX), III A.

Ausenda Galindes oDulcedona» (1038), III C 2.

Ausenda Gondesendes [947], III B 3.

Ausenda Gormiri (946), I B i.

Ausenda Guterres (934-983), II B 4,

IV A 3, IV B 3.

Bermudo Afonso (923?-952)» III A 3.

Bermudo Lucides (911-926), I B 2.

Bermudo Ximenes (955), IV A 3.

Châmoa Pais (953-968), I B i.

Châmoa Rodrigues (960), I B i.

Diogo Eriz (4- a. 917), III A 4.

Diogo Fernandes (909-926), III A, IVA.

Diogo Froilaz (1037). III C 2

Diogo Gonçalves, IV C 4.

Diogo Mendes (950-968), IV B 2.

Diogo Rodrigues (960), I B I.

Dulcedona Galindes, ver Ausenda

Galindes «Dulcedona» (1038).

Egas Eriz "Iala" (fin. s. X), III A 6.

Egas Mendes (I007-1014), IV D 3.

Eilan, ver Eilo (1034?-1049).

Eileuva (938-952), III A 3.

Eilo (1034?-1049), III F i.

Elvira (fin. s. IX), III A.

Elvira (princ. s. XI), IV F.

Elvira (981), III E.

Elvira Alvites (946-968), I C 5.

Elvira Arias (962), II A 2, IV C.

Elvira Mendes (914-920), II A 4.

Elvira Mendes (1012-1022), IV D 5.

Elvira Moniz (978-986), II C 5.

Elvira Sisnandes (1087), I i.

Emderia, ver Ermesenda Gondesendes.

Ermegildo Ramires (1025), IV E 2.

Ermesenda (983-1008), IV C.

Ermesenda Fernandes (1037--1048), II

E i, III E 5.

Ermesenda Gatones (fin. s. IX), II A

Ermesenda Gondesendes [947], II A 2.

III B 2.

Ermesenda Guterres (929-934), II B 5.

Ermesenda Moniz (962), II C 4.

Ero Fernandes (895-926), II B, III A.

Ero Gonçalves (1016), II D 4.

Ero Moniz (949), III A 6.

Fernando Godesteiz (s. X), III A 3.

Fernando Sandines (981-0. [1005]), IIIE

Froila Godesteiz (1060), III A 3.

Froila Gonçalves (994-1017), II D i,

II E.

Froila Gondesedes ( 4- a. 1037), III

C 2.

Froila Guterres (933-943)» n B 3.

Froila Ximenes (986-1010), IV A 3.

Froilo Gondesendes [947], III B l.

Godesteu Fernandes (912-922), III A 3.

Godinha Gonçalves ( 4- a. 985), II D 2.

Godinho Froilaz (fin. s. XI), III A 3.

Godo Eriz (960), III A 6.

Goldregodo ( 4- a. 964), III C.

Goldregodo Sandines (976), III D 3.

Gonçalo Betotes (915-929), II B 5,

III A 5, IV B.

Gonçalo Eriz (982), III A 6.

Gonçalo Froilaz (1037), II E l, III E 5.

Gonçalo Mendes (950-985), II B 5, IV C.

Gonçalo Mendes (983?-1018), IV D l.

Gonçalo Moniz (928-981), II B 3, II

C 6, II D.

Gonçalo Ximenes (955-985), IV A 3.

Goncinha (1071)1 I H.

Goncinha (994), I E.

Goncinha Ximcncs "951-994), IV A 3.

Gondesendo Eriz (910-[947]), II A 5,

III A 2. III B.

Gondesendo Soares (964?), II C 2.

Gontinha, ver Goncinha (994).

Gontinha [984], III A 3.

Gontrode Gonçalves (929), III A 5.

Gontrode Nunes (1028-1088), I F 2.

Gontrode Ordonhes (a. 1045), IV F 2.

Gotona Moniz (927-964), II C 3.

Gudilona (915)» I ü. Gugina Eriz (s. IX), III A 3.

Guterre Mondes (912 - a. 934), II A

3, II B, III A i.

Guterre Moniz (931-999), II C i.

Guterre Rodrigues (957-1014), I B i,

IV B 4.

Hermenegildo Gonçalves (926-943), III A 5, IV B.

Hermenegildo Guterres (869-911), II A.

laia Eriz, ver Egas Eriz "laia".

Iberia Gonçalves (929), III A 5.

Ilduara Eriz (916-958), II B, III A i.

Ilduara Froilaz (1037), III C 2.

Ilduara Mendes (1025-1058), I F, IV

D 7.

Ilduara Pais (961-964), II B 5, IV C.

Inderquina [Arias?] «Pala» (957-981),

III B 2, III D 2.

Inderquina Mendes "Pala" (-1- a. [947]),

II A 5, III B.

Ledegúndia Dias (928 4- a. 960), I B i,

IV A 2.

Ledegúndia Eriz (990), III A 6.

Loba Alvites (1015-1016), I E 3.

Loba Nunes «Aurovelido» (1074), I H.

Loba Ramíres (1025), IV E 3.

Lucídio Alvites (926-968), I C 2.

Lucídio Vimaranes (870-922?), I B.

Maior Pais, ver Maria Pais «Maior».

Mansura Godesteiz (s. X), III A 3.

Maria Pais «Maior» (1037-1116?), III

F 2.

Martim Moniz (1092-1111), I i.

Mendo Folicnz (1018-1045), IV V 2.

Mendo Gonçalves, ver Hermenegildo

Gonçalves (926-943).

Mendo Gonçalves (961-1008), I E, I F,

II B 3, IV D.

Mendo Luz (985 - 1034?), I C 2.

Mendo Nunes (1028-1050), I F i, I G.

Mumadona (985), I C 4.

Mumadona Dias (926 -+ a. 981), III A 5,

IV B.

Mumadona Dias (992-1025), IV B 2.

Mumadona Froilaz (981), II B 3, II D.

Mumadona Ordonhes (a. 1045), IV F i.

Munia Dias (928-973?), I C, IV A i.

Munio Froilaz (1037), III C 2.

Munio Gonçalves (985-988), II D 3.

Munio Guterres (911-959), I B, II A

2, II C.

Munio Mendes (1007-1014), IV D 4.

Munio Nunes (s. XI), I F 3.

Nuño Alvites (959), I C 3, I D.

Nuño Alvites (1017+1028), I F, IV D 7.

Nuño Fernandes (1019), III E l.

Nuño Guterres (1032), II C l.

Nuño Mendes (950 4- a. 959), IV B 5.

Nuño Mendes (1059 4- 1071), I H.

Olide Tedones (946), I B i.

Onega (928), IV A.

Lnega Lucides (978-1006 ou 1025),

I C 2.

Onega Mondes (950-968), IV B 4.

Ordonho II (914-924)» II A 4, III A 5.

Ordonho Godesteiz (s. IX), III A 3.

Ordonho Ramires (1017), IV F.

Osorio Teles (1043-1073), I C 4.

Oveco Garda (974-988), II D 2.

Paio Froilaz (1025), III F.

Paio Gonçalves (936-959), II B 5,

III A í.

Paio Nunes (1027-1054), III F.

Paio Pores (1071?-1112?), III F 2.

Paio Tedones (929-951), I B l, III A 5.

Paio Vasques ( 4- a. 1022), IV A 3.

Pala Árias, ver Inderquina [Árias] «Pala»

Pala Mendes, ver Inderquina Mendes

"Pala".

Pedro Alvites (1025-1070), I E 2.

Quindiverga Vimaranes (1055), I C 2.

Ramiro Gonçalves (981-986), IV C 2.

Ramiro Mendes (950 — a. 964), II B 4,

IV B 3.

Ramiro Mendes (1005-1014), IV E.

Ramiro Rodrigues (960), I B i.

Rodrigo Eriz (985), I C 2.

Rodrigo Mendes (946-968), I C 5.

Rodrigo Tedones (928-933), IB i,

IV A 2.

Rodrigo Vasques (949 -r 978), I C 2.

Rodrigo Veilaz (1014-1025), IV E.

Rosendo Gonçalves (1014), IV C 3.

Rosendo Guterres, S. (916 -h 977), II

B 2.

Sancho Ordonhes (927-929), II C 3.

Sancho Vasques (1044-1059), IV E 3.

Sandino Fernandes (1019), III E 2.

Sandino Soares (964 4- a. 981)1 III D.

Sarracina (926-942), II B 3-

Sarracina Fernandes (1031-1048), III

E 3.

Sesilli (1060), III A 3.

Sisnando Davides (1064 4- 1092), I i.

Soeiro Eriz (981-982), III A 6.

Soeiro Gondemariz (968-988), IV A 2.

Soeiro Gondesendes ([947] 4- a. 964),

III C.

Soeiro Gondesendes (1018), III C 2.

Soeiro Pais (1034-1049), III F l.

Soeiro Sandines ( 4- a. 961)» III D 2.

Soeiro Sandines (981 4- a.982), III D 2.

Tedon Lucides (s. IX-X), I B z.

Tegla Alvites (984), I C i.

Telo Aldianiz, ver Telo Alvites.

Telo Alvitcs (959-985), I C 4.

Teodemiro Gondesendes (1018), III C 2.

Teresa Eriz (929), II B 5, III A 5-

Toda Godesteiz (1060), III A 3.

Toda Veilaz (1025-1055), IV E.

Tutadomna (1014-1022), II B 3, IV l).

Tutadomna Froilaz, ver Mumadona

Froilaz.

Vasco, conde (1088), I F 2.

Vasco Pais (1022-1043), IV A 3.

Vasco Ximenes (994), IV A 3.

Veila Eneguiz (968), IV E.

Veila Gonçalves (995 ou 997), II E,

IV E.

Veila Gondesendes (1020), III C 2.

Velasquida Pais (968), I B i.

Vímara Ermiariz (976), III D 3.

Vímara Mendes ( -i- a. 1055), I C 2.

Vímara Peres (868-873), I A.

Ximena (s. X), I C 2. Ximena ( 4- a. 981), III D-

Ximena Fernandes (1034-1078), III E 4,

III F.

Ximeno Dias (923-961), II B 4, IV A 3.

Ximeno Ximenes (976-1017), IV A 3.

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